Piso tátil inadequado vira armadilha e guia cego até o perigo em BH

Izabela Ventura - Hoje em Dia
06/09/2013 às 06:59.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:42

Instalados para dar independência e segurança aos deficientes visuais, os pisos táteis podem ser armadilhas para cegos em Belo Horizonte. Em várias calçadas, foram colocados de forma inadequada, terminando bruscamente ou conduzindo quem depende deles a obstáculos perigosos.

Um exemplo é a guia na rua Júlia Nunes Guerra, quase esquina com Guaicuí, no bairro Luxemburgo, zona Sul.

O cego que sobe a via corre o risco de trombar no canteiro de uma grande árvore, que ocupa mais da metade do passeio, pois o piso tátil termina ali.

Para quem desce a rua, o perigo é maior: a guia acaba em um barranco de quase dois metros de profundidade.

“É muito grave. O piso deveria estar longe da árvore e conduzir a pessoa até uma parte segura do passeio, na esquina, para evitar o barranco”, avalia o vice-diretor do Instituto São Rafael, Antônio José de Paula, de 63 anos.

Antônio também destaca a falta do piso alerta (com bolinhas em alto relevo) indicando a descontinuidade na calçada, situação que ele diz ser recorrente na cidade.

A responsabilidade pelo cumprimento dos padrões de calçamento estipulados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é do dono do terreno. Nesse caso, a irregularidade fica em frente a um lote da própria PBH.

A Regional Centro-Sul informou que vai vistoriar o local para identificar o problema e fazer as adequações necessárias.

Desorientados
 
Outro trecho arriscado para deficientes visuais está na avenida Álvares Cabral com rua Rodrigues Caldas, próximo ao prédio do Banco Central e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG).

O piso tátil termina de forma abrupta em vários pontos, deixando os cegos sem saber para onde ir. Em um dos casos, o deficiente terá que contornar o canteiro de uma árvore. Já a guia no sentido inverso “acaba” em um trecho de calçada com pedra portuguesa.

Esse tipo de revestimento, aliás, é inadequado para os cegos, diz Antônio. Especialmente para os que são diabéticos e, por isso, têm pouca sensibilidade nos pés. “As pedras portuguesas são ásperas e é difícil distingui-las do piso tátil”, explica, lamentando que esse seja um dos padrões para calçada estipulados pela prefeitura.
 
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