A partir de segunda-feira (22), a qualquer momento, a Polícia Militar poderá dar início à operação de desapropriação das cerca de 2.500 famílias que moram nas ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, na região da Mata do Isidoro, Zona Norte de Belo Horizonte. Líderes das invasões afirmam ser mais de 8 mil famílias e vão resistir.   Deputados que mediam o conflito disseram que ainda irão tentar retomar as negociações em torno de um acordo, antes da desapropriação.    Segundo a representante dos manifestantes Monah El Kadri, as famílias vão buscar todas as possibilidades, inclusive pela via judicial, para impedir o despejo. Ela alega que o movimento foi expulso da mesa de negociações e não teve tempo de apresentar uma contraproposta, que estaria em elaboração.    O governo de Minas propôs a desocupação de parte da área para que obras sejam feitas. Durante a construção dos conjuntos habitacionais, as famílias seriam remanejadas para outra área, na mesma região, até que todos sejam reassentados.   Na manhã desta sexta, membros das ocupações entraram em confronto durante um protesto na Linha Verde, na altura do bairro Jaqueline, no Norte de BH. No total, 28 pessoas foram detidas no ato. Os manifestantes relatam que 60 pessoas ficaram feridas durante a confusão, que parou a avenida Cristiano Machado.   Reintegração   Segundo o assessor de imprensa da Polícia Militar, major Gilmar Luciano, a ordem de reintegração de posse chegou nessa quinta-feira (18) e será cumprida. Um mapeamento da área foi realizado e a PM avisou que executará a ordem.   Carros de som e panfletos serão usados para avisar os ocupantes da ordem. A PM avisa que não tolerará resistência e usará a força se necessário. Como o número de ocupantes é alto, o processo de remoção não tem data para acabar e pode durar até meses, conforme o major.   A ação terá o apoio de ambulâncias, da prefeitura e do Corpo de Bombeiros. Quem precisar de ajuda para retirar e transportar móveis terão a ajuda da força-tarefa.   Questionamento   Após o confronto nesta sexta-feira, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que enviou um ofício à PM, solicitando informações, em um prazo de 24 horas, sobre o mandado de reintegração de posse em desfavor das famílias que residem nas Ocupações Esperança, Rosa Leão e Vitória.   No ofício, os promotores de Justiça solicitam as seguintes respostas:   - As famílias serão notificadas previamente? Com qual prazo de antecedência?    - Qual o efetivo da Polícia Militar a ser empregado?   - Qual o tempo previsto para se concluir a operação?   - Qual o número de pessoas que residem nas Ocupações Esperança, Rosa Leão e Vitória?   - Os moradores da Região do Isidoro identificados e qualificados um a um, conforme determinação do mandado de reintegração?   - Quantas são as pessoas que estão em área particular e na área pública?   - Qual o número de crianças e adolescentes, homens, mulheres, idosos e deficientes na região?   - Para onde serão remanejadas essas milhares de pessoas?    - Qual o meio de transporte a ser utilizado para remover as famílias do Isidoro?   - Durante a operação as pessoas poderão sair do local? Se não, como eles irão se hidratar e se alimentar?   - Animais, como cães, cavalos, galinhas, porcos, serão destinados para onde? Serão transportados como? Há um levantamento da quantidade de animais no local?   - Quantas são as crianças e adolescentes que estudam em escolas próximas? Quais são as medidas adotadas para evitar a evasão escolar pós reintegrada a área?   - As telhas, portas, janelas, demais investimentos realizados pelos moradores no local, serão destruídos ou serão destinados a algum lugar? Como será forma de identificação de cada material, inclusive móveis e eletrodomésticos e onde serão acondicionados, por qual prazo, qual será a regra pra o proprietário retirar seus bens do local destinado a sua guarda?   - Será destinado algum atendimento de programas sociais do governo às famílias, como por exemplo bolsa família ou aluguel social?   - Realizada a desapropriação, como se dará o cercamento do local, em qual prazo e como se fará a vigilância e por quanto tempo?   - Qual o tipo de armamento utilizado pela Polícia Militar? Quais são os instrumentos de menor potencial ofensivo a serem utilizados em caso de resistência?   - Foi verificado se entre as os profissionais que trabalharão na desapropriação, se há moradores da invasão? Pois esta possibilidade é real, e pode acarretar um retardo ou até inviabilidade de execução da reintegração.   - Existe a possibilidade dos trabalhos se estenderem à noite, há iluminação no local?

Compartilhar