PM mata policial civil após discussão por causa de som alto no interior de Minas

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
25/09/2014 às 12:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:21
 (Facebook/Reprodução)

(Facebook/Reprodução)

Um Policial Militar matou um Policial Civil após uma discussão por causa de som alto, na noite desta quarta-feira (24), em Malacacheta, no Vale do Mucuri. A vítima é o investigador Vandir Rodrigues Ferreira, de 41 anos, que de folga e supostamente embriagado, reagiu à chegada de uma viatura da PM à sua casa.  Para o delegado Alberto Tadeu, os indícios demonstram que houve exacerbação da força.   De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), a PM foi acionada, via telefone 190, pelo sargento Claudinei Souza de Jesus, que estava de folga em sua casa e pedia providências policiais referentes a um som muito alto em uma casa vizinha. Uma viatura com dois militares, os sargentos Arnaldo Camargos Santana e Sandro Machado Vieira chegou logo depois.   Vandir, que era lotado na 15ª Delegacia de Polícia Civil de Teófilo Otoni, apresentou-se aos militares e reclamou da presença deles, passando a xingá-los, especialmente ao vizinho, sargento Claudinei, chamado-o de “vagabundo”. Iniciada a discussão, o militares passaram a filmar a ação e também ligaram para o delegado da cidade, Eduardo José Pereira, que os teria orientado a fazer um BO para providências futuras.   Mas depois disso, ainda mais irritado, conforme relata a ocorrência, o investigador avançou contra os sargentos Sandro e Claudinei. E gritou para que o irmão dele, Reinaldo Rodrigues Ferreira, de 44 anos, pegasse a sua arma dentro do carro. Atracou-se com o sargento Sandro derrubando a câmera e o sargento Santana interveio mas quando, juntos, imobilizavam Vandir, ouviram o sargento Claudinei gritar que Reinaldo iria atirar.   Os militares então soltaram Vandir que gritava para o irmão “Mata eles!”. Como não foi atendido o investigador teria pegado ele mesmo a arma e apontado para o sargento Sandro que ainda estava no chão. A ocorrência relata que depois de pedir, sem sucesso, que Vandir soltasse a arma, Sandro atirou na direção dos irmãos, atingindo o investigador que morreu a caminho do hospital. Reinaldo foi preso.    DELEGADO   Mas segundo o delegado de Teófilo Otoni, Alberto Tadeu, o BO tem contradições, informações que contrariam os indícios até então apurados. Entre elas está o número de balas que atingiram o investigador: seriam seis e não quatro disparos. Tadeu também denuncia que parte do vídeo entregue pelos PMs junto com o Reds, "justamente a que demostraria a dinâmica dos fatos", foi apagada.    O vídeo recebido, segundo o delegado,  mostra apenas o início da ocorrência de Pertubação do Sossego. “Pelo que vimos o atendimento da ocorrência até que ia bem, muito embora o Vandir apresentando um certo sintoma de embriagues, estivesse um pouco exaltado. Só que a parte do vídeo que conectaria essa primeira parte da ocorrência com o desfecho trágico foi apagada. Então não sabemos porque motivo uma ocorrência que vinha se desenrolando bem evoluiu para um final difícil como esse, com seis disparos calibre 40 atingindo o corpo do Vandir que se  encontrava  desarmado, pelo menos no primeiro momento da filmagem”.   Ainda conforme o delegado, o vídeo não mostra se o irmão do investigador pegou mesmo a arma no carro. “É importante que o inquérito policial tenha uma apuração muito transparente, ética e legalista e é isto que estamos fazendo agora para que ao final das investigações possamos trazer um retrato do que realmente aconteceu lá”, afirmou, contando que o investigador e o sargento que acionou a viatura tinham  rixas antigas por causa do som alto.    “Trabalhamos para recuperar o trecho deletado do vídeo. E vamos continuar investigando para saber a gravidade e profundidade dos fatos”, avisou Alberto Tadeu, admitindo que o homicídio instalou um clima tenso na delegacia nesta manhã. “Mas não podemos permitir que esse fato isolado contamine as instituições”, avisou, garantindo que a PC e a PM tem excelente relação na região.    O Ministério Público foi acionado pela PC para acompanhar as diligencias. Segundo o delegado, será pedida a prisão em flagrante dos três militares envolvidos e o recolhimento deles na sede no 19º BPM.   PM   O chefe da Seção de Comunicação Organizacional  da 15ª Região de Polícia Militar em Teófilo Otoni, major Evandro Ferreira Neves, informou que a PM vai instaurar inquérito para apurar os fatos e que apenas o sargento (Sandro) que atirou está preso, recolhido em cela do 19º BPM. Todos os  projéteis que atingiram o investigador, assegurou, saíram de uma única arma, a do sargento preso. Disse ainda que assim como o número de projéteis, somente a perícia poderá comprovar se parte do vídeo foi apagada ou não. “Não vamos colocar obstáculos ao trabalho da PC, mas flexibilizar para que tudo seja apurado”.  

Atualizada às 18h03

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por