PM's são condenados a 23 anos de prisão por assassinato na Serra

Thaís Mota - Hoje em Dia
20/03/2014 às 22:09.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:45
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Após três dias de julgamento, os ex-policiais Jason Ferreira Paschoalino e Jonas David Rosa foram condenados a 23 anos e seis meses de prisão pela morte de Renílson Veriano da Silva, de 39 anos, e o sobrinho dele, Jeferson Coelho da Silva, de 17. O crime aconteceu em fevereiro de 2011 no Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, e a sentença foi proferida  pelo juiz Carlos Henrique Perpétuo Bragana por volta das 22 horas desta quinta-feira (20) no Fórum Lafayette.   Os réus foram condenados por homicídio qualificado e porte ilegal de arma. Eles devem retornar para a penitenciária São Joaquim de Bicas I, na Grande BH, para onde foram transferidos no dia 23 de outubro de 2013. Até então, os militares estavam reclusos em batalhões da Polícia Militar (PM). Contudo, como foram expulsos da corporação, no dia 15 do mesmo mês, eles perderam o benefício de prisão especial.   O advogado de defesa, Ércio Quaresma informou que já entrou com recurso pedindo a anulação do júri. Segundo ele, o depoimento de uma das testemunhas, colhido em Lagoa Santa, foi declarado nulo. No entanto, Jason e Jonas não poderão aguardar em liberdade.   Por outro lado, o promotor de Justiça Francisco Rogério Barbosa Campos sinalizou que também poderá recorrer para garantir a  aplicação do crime continuado. Nesse caso, a pena para Jason aumentaria para 31 anos e, para Jonas, para 30.   “É a primeira vez, em três anos, que vou dormir em paz”, disse Denílson Veriano da Silva, pai de Jeferson e irmão de Renílson. Apesar de comemorar a condenação dos réus, ele ressaltou que não tem nada contra a família dos condenados. “Até mesmo porque eles também estão sofrendo com essa situação. Torço para que Deus dê força a eles”, disse. Ele, que é sargento da Polícia Militar, ressaltou que não culpa a PM pelos crimes.   Confira a galeria de imagens do julgamento O julgamento   Durante a fase de debates na tarde desta quinta, o promotor Francisco Rogério Barbosa Campo tentou desconstruir a tese da defesa de que os ex-militares entraram no Aglomerado da Serra para uma operação de combate ao tráfico e que teriam trocado tiros contra com mais 20 bandidos, quando teriam atingido tio e sobrinho. Ainda conforme o representante do Ministério Público, as vítimas estavam seguindo para casa e o tiro que teria acertado o policial Jonas David teria sido forjado. Ele afirmou também que a cena do crime não foi preservada, fato confirmado durante depoimento de um  tenente da Polícia Militar que atuou na ação.   Já a defesa de ambos os réus insistiu na desqualificação de depoimentos de testemunhas, enquanto os réus reafirmaram em depoimento que houve confronto e que o policial Jonas David foi baleado no peito durante troca de tiros e socorrido. Durante simulação de retirada do colete à prova de balas para jogá-lo ao chão, atirar contra ele e vesti-lo novamente, Jason Ferreira afirmou que, se isso acontecesse, a parte de trás do colete também seria atingida. Já Jonas David garantiu que não pediu para que outros militares atirassem contra ele, pois os coletes não são confiáveis.   Ao todo, 11 testemunhas foram ouvidas sendo que uma delas prestou depoimento apenas na condição de informante já que era pai e irmão das vítimas do assassinato.   Entenda o caso   No dia 19 de fevereiro de 2011, os policiais Jonas David Rosa, Jason Ferreira Paschoalino e um terceiro militar entraram no Aglomerado da Serra em uma ação de combate ao tráfico de drogas. Após tiroteio, o auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 39 anos, e o adolescente Jeferson Coelho da Silva, de 17, que são tio e sobrinho, acabaram sendo mortos a tiros. Na ocasião, um policial também ficou ferido.   Testemunhas teriam dito que os policiais acusados chegaram atirando e depois simularam um tiroteio. A versão é contestada pelos militares, que alegam ter sido recebidos a tiros. Na época, houve grande comoção pública dos moradores da região, que chegaram a colocar fogo em dois ônibus, entre várias outras manifestações.   Outro crime Em agosto de 2013, Jason Ferreira Paschoalino foi condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio de um forneiro, em julho de 2010, no bairro Nova Suíça, região Oeste de BH. Ficou estabelecido na sentença que ele cumpriria a pena inicialmente em regime fechado. 

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