Polícia descarta jogo Baleia Azul como causa de mortes e tentativas de suicídios em Minas

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
13/07/2017 às 11:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:32

Três meses após dominar o noticiário e apavorar pais em todo o mundo, as mortes supostamente ligadas ao jogo Baleia Azul foram descartadas em Minas Gerais. A relação entre suicídio e o macabro jogo, contudo, teve ao menos uma confirmação no Brasil. 

Em Minas Gerais, a Polícia Civil investigou quatro casos suspeitos, sendo dois suícidios, uma tentativa e uma lesão corporal. Três inquéritos já foram concluídos e a figura do suposto curadorm caso registrado em Pará de Minas, na região Central do Estado, aguarda a conclusão do inquérito. Porém, perícia preliminar realizada no celular da vítima mostrou que o rapaz não estava sendo ameaçado ou coagido.

Em Vila Rica, cidade a 1.276 quilômetros de Cuiabá (MT), a Polícia Civil garantiu que uma adolescente tirou a própria vida incentivada por um "curador", que aliciou e incentivou a jovem a se matar. O responsável já foi identificado e está sendo procurado.

O pânico em relação ao jogo foi tanto que o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, determinou que a Polícia Federal investigasse o jogo virtual. A corporação em Minas, no entanto, informou, que não recebeu, oficialmente, nenhum caso relativo ao Baleia Azul.

Um grupo oriundo da Rússia está sendo investigado devido à suspeita de que, com o jogo, já teria induzido mais de 130 jovens, predominantemente na Europa, a cometer suicídio desde 2015

Pânico

O jogo mortal chegou ao Brasil em abril deste ano e, desde então, vários suicídios foram ligados ao Baleia Azul. No caso registrado em Vila Rica, as autoridades informam que "não resta dúvida de que o suicídio foi motivado pelo jogo".

A corporação não forneceu detalhes  sobre o "curador", mas informou que ele não mora na mesma região da vítima. Várias diligências foram realizadas para capturá-lo, porém, ele ainda não foi localizado e preso. Se detido, o responsável será indiciado por induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. A pena para o crime varia entre 1 e 3 anos, mas pode ser dobrada em caso de agravantes.

Sinais de sofrimento

Na avaliação da psicanalista Maria Íris Siqueira Mendes, o suicídio é um evento dolorido na vida dos pais. Por isso, muitos tentam encontrar razões externas para o ato. “É muito difícil para o pai entender que o filho desistiu de viver, então, eles se apegam a qualquer indício que tira essa possibilidade de que a iniciativa tenha partido do próprio filho”, explica. 

No entanto, Maria Íris ressalta que, muitas vezes, os próprios adolescentes já dão sinais de que algo não vai bem por meio da mudança de comportamento. A introspecção e o isolamento são alguns deles. “Os pais precisam observar a vida do filho, ter mais contato”, afirma. Ficar sempre sozinho ou passar muitas horas trancado no quarto ou na internet podem ser indícios de dificuldades emocionais. 

Escola

Além disso, o ambiente escolar também pode revelar indícios importantes sobre o comportamento dos adolescentes. A especialista recomenda que os pais também procurem estar próximos da escola e acompanhem o que se passa nesse espaço e alerta que as instituições se distanciaram das relações com os jovens.

“As escolas estão mais preocupadas com a produtividade e deixaram de ter o contexto de observação dos alunos, de conversar, de perceber”, observa. E completa: “a grande lição que esse jogo tem nos trazido é que devemos desenvolver um grande debate em torno da importância da família. Temos que fortalecer os laços entre pais, filhos e escola e unirmos conhecimentos pedagógicos e psicológicos”.

Busque Ajuda 

O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. O serviço funciona 24 horas por dia pelo telefone 141, por e-mail, chat ou Skype.

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