Polêmica em torno do óleo de canola abre discussão sobre alimentação correta

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
07/12/2015 às 07:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:14
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

“Óleo de coco emagrece”. “O de canola faz mal à saúde, prefira azeite”... Muitas são as informações encontradas na internet, mas nem sempre elas têm fundamentos. Por isso, especialistas alertam: cuidar da alimentação vai muito além de jogar palavras-chaves em sites de buscas, principalmente quando o objetivo é perder peso.

O exemplo mais recente do desencontro de informações ocorreu no final do mês passado, quando o debate em torno dos supostos malefícios do óleo de canola foi reacendido nas redes sociais. De um lado, há quem defenda a substância e a inclusão dela no lugar do produto de soja. De outro, os que condenam a ideia.

“O óleo de canola é polêmico por causa do processo de obtenção dele, que vem da modificação genética da colza (planta de cujas sementes se extrai o azeite de colza). Mas ele tem uma composição muito parecida com a do azeite e, por isso, falam que ele é muito bom”, explica a professora do curso de nutrição do UniBH Tânia Silveira, doutora em Ciência do Alimento.

Equilíbrio

Segundo ela, o óleo de canola é rico em gordura insaturada, considerada boa para o consumo, já que possui ligações duplas de carbono, o que facilita a quebra das moléculas pelo organismo. Mas, se a comparação for com o produto derivado da azeitona, Tânia é enfática. “Entre ele e o azeite, o segundo, com certeza, é muito melhor”.

Para quem não abre mão de utilizar óleos, a dica é clássica: use com moderação! De acordo com a nutricionista e pesquisadora Larissa Lovatto, não existe óleo vegetal ideal, já que todos são de boa qualidade. O conselho dela é que seja feito um rodízio no consumo.

“Assim, a pessoa vai recebendo todos os nutrientes, porque um óleo tem mais presença de determinada coisa do que o outro. Não faço recomendações específicas, apenas que as frituras sejam feitas com óleo de soja, que tem o ponto de fumaça maior (temperatura máxima que o produto atinge sem sofrer degradação)”, explica a especialista.

Vilão ou mocinho?

Já o óleo de coco vem sendo apontado como mais um ingrediente da fórmula milagrosa do emagrecimento. Ledo engano, conforme Larissa. Ao contrário dos demais, ele é formado por gordura saturada e tem as mesmas propriedades dos alimentos pouco recomendados, como laticínios e carnes.

“Temos que ter muito cuidado na utilização dele, principalmente, na culinária do dia a dia. Se substituirmos os óleos vegetais com estruturas monoinsaturadas e poli-insaturadas pela gordura do óleo de coco, vamos passar a oferecer ao corpo gorduras que têm facilidade de se aderir às artérias e formar trombos que podem causar doenças cardiovasculares”, alerta a nutricionista.

Ela ressalta, ainda, que não existem estudos científicos que comprovem a relação do óleo de coco com a perda de peso e acredita, inclusive, que isso seja pouco provável.
 

Utilizado adequadamente, produto é aliado no equilíbrio alimentar

Diante de tantas informações – e conflitos –, há quem pense em desistir do consumo de qualquer tipo de óleo. Mas, antes que isso aconteça, a nutricionista Gleiciane Almeida de Lima, especialista em nutrição clínica e terapia nutricional, destaca a importância desse tipo de produto para o equilíbrio alimentar. “Cada um tem um benefício próprio, se utilizado de forma correta”, diz.

O polêmico óleo de canola ela indica para tempero de saladas, para refogar alimentos e nas situações em que o produto não for muito aquecido. Para frituras, nunca, já que as altas temperaturas levam à oxidação do óleo, o que aumenta os riscos de doenças cardiovasculares.

O óleo de girassol deve ser usado sem exagero. “Ele estimula o processo inflamatório, portanto, não deve ser consumido em excesso. Também é indicado para tempero de saladas, mas não frequentemente”, afirma Gleiciane.

Lado positivo

Mais comum na mesa do brasileiro por ser vendido mais barato do que os demais, o óleo de soja tem menos contraindicações, e pode ser empregado nos preparos fritos, desde que não sejam ultrapassados os 180 graus. “Ele tem um equilíbrio bacana entre ômega 3 e 6 (gorduras poli-insaturadas, boas para a saúde)”.

Por fim, o óleo de coco, conforme a nutricionista, pode, sim, ser um aliado de quem quer perder peso, desde que haja acompanhamento profissional. É que ele atua no sistema nervoso central dando a sensação de saciedade e diminuindo a fome, além de aumentar o metabolismo basal, fazendo com que a pessoa gaste mais energia.

“Se a pessoa faz atividade física e acompanhamento nutricional, ela consegue ter benefícios com esse óleo sim. Embora os estudos não sejam conclusivos, é possível ter benefícios em indivíduos ativos. E ele pode ser usado em preparos expostos a temperaturas altas, porque é mais estável”.

De todos, um pouco

Em resumo, Gleiciane defende que o consumo desses quatro tipos de óleos faça parte da rotina de todos, desde que de forma adequada. “É importante que eles integrem (a dieta), porque cada um tem um benefício e a combinação deles traz a conjugação para o organismo”, destaca.

Doenças alimentares provocam 420 mil mortes a cada ano, aponta OMS

Os números compõem um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado na última semana. De acordo com o informe, o primeiro do órgão sobre essa questão, as doenças alimentares afetam cerca de 600 milhões de pessoas. Um em cada dez afetados ficou doente por ter consumido alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas, toxinas ou produtos químicos. Cerca de 30% dos óbitos por essas doenças são crianças menores de cinco anos, um percentual significativo, considerando que representam apenas 9% da população mundial. As doenças diarreicas são responsáveis por mais da metade do total dos casos registrados, atingindo 550 milhões de pessoas e causando 230 mil mortes por ano – 96 mil delas crianças.

Estudo com amostra de sangue pode render tratamento mais eficaz da DRC

Crianças e adolescentes com doença renal crônica (DRC), especialmente aquelas em estágio mais avançado, sofrem alteração significativa das plaquetas e da camada que reveste os vasos sanguíneos (endotélio), o que predispõe a coagulação excessiva do sangue e aumenta o risco de doenças cardiovasculares. É o que sugerem resultados preliminares da tese de doutorado da pesquisadora Rívia Mara Morais e Silva, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, da Faculdade de Farmácia da UFMG. As investigações podem contribuir para a instituição de formas de tratamento e acompanhamento mais eficazes da doença. A pesquisa baseia-se na comparação dos resultados de testes laboratoriais que avaliam o endotélio e as plaquetas, realizados em amostras de sangue de crianças e adolescentes e confrontados com aqueles obtidos em crianças saudáveis.

Óbitos sob suspeita de dengue grave com causa indefinida serão investigados

Pesquisadores do Instituto Evandro Chagas vão analisar novamente vísceras de pacientes que morreram sob suspeita de dengue grave, cujos exames deram inconclusivos. O objetivo é identificar se as mortes, ainda de causa não esclarecida, foram provocadas pelo zika vírus. Até o momento, dois óbitos pela doença foram confirmados no país.

 

 

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