A primeira fase do inquérito da Polícia Civil, que investiga a suposta fraude no vestibular da Faculdade de Ciências Médicas, em Belo Horizonte, será entregue ao judiciário nesta terça-feira (2). Serão 28 pessoas indiciadas, sendo 13 integrantes da quadrilha e outros 15 candidatos nos exames. Segundo o delegado responsável pela investigação, Antônio Júnio Dutra Prado, do Grupo de Combate a Organizações Criminosas da Polícia Civil, os integrantes do esquema serão indiciados por formação de quadrilha, falsidade ideológica e de documentos, além de lavagem de dinheiro e fraude em certame de interesse público. Os candidatos serão acusados apenas deste último crime. Ao todo, 33 pessoas foram detidas durante a investigação, que já dura sete meses. No entanto, Antônio Prado adianta que novos inquéritos serão abertos e mais pessoas poderão ser descobertas no esquema de fraude. “Com base no trabalho que está sendo concluído, vamos abrir novas investigações”, afirmou o delegado. Esquema Segundo o responsável pelo inquérito, o suposto chefe do esquema, Áureo Moura Ferreira, praticava o crime há 20 anos. O segundo na cadeia de comando, Carlos Roberto Leite Lobo, empresário do interior paulista, cometia a fraude há seis anos. Eles contratavam pessoas de alto nível intelectual, conhecido como “pilotos”, para realizar as provas rapidamente em faculdades e no Enem, no interior mineiro e em São Paulo. Eles deixavam o local assim que era liberada a saída e reuniam as respostas e formavam um gabarito. Em seguida, os resultados das questões eram repassadas, via transmissores e micropontos, para os candidatos. Em média, o grupo cobrava entre R$ 50 mil e R$ 60 mil pelas respostas da faculdade de medicina. Já para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os pagamentos chegavam até R$ 200 mil. Durante a investigação, uma grande quantidade de transmissores, micropontos e documentos foram apreendidos.