Polícia Federal realiza operação contra fraudes em licitação no Norte de Minas

Ana Clara Otoni e Girleno Alencar
23/08/2012 às 06:20.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:40

Após uma investigação em 37 municípios, a Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (23) uma operação que tem como objetivo desmascarar um esquema de fraudes em licitações em várias áreas do âmbito municipal. Estão sendo cumpridos nesta manhã mandados de busca e apreensão em vários pontos das cidades de Montes Claros e Coração de Jesus, ambas no Norte de Minas. O prefeito de Coração de Jesus, Antônio Cordeiro de Faria (PSDC), que é candidato à reeleição, teve a prisão decretada pela juíza federal Clemência Maria Almada Lima de Ângelo, porém, ele não vai ficar em um presídio comum. O político deve ser um dos primeiros políticos de Minas Gerais a usar a tornozeleira eletrônica, com isso, ele estará impedido de se aproximar do prédio da prefeitura da cidade e de manter contato com qualquer servidor da administração municipal. Além dele, outros cinco servidores, que são secretários municipais, também tiveram a prisão decretada, mas vão usar a tornozeleira. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) os equipamentos ainda não foram adquiridos pelo Estado e devem começar a ser usados a partir de novembro. O sistema de monitoramento já é usado no país, em fase de teste para criminosos que tenham cometido crimes como homicídios e roubo, por exemplo.

De acordo com a Polícia Civil, o objetivoé evitar que os políticos intimidem servidores que possam dar mais detalhes sobre o esquema fraudulento. O vice-prefeito da cidade, Pulquerio Rabelo da Conceição (DEM), vai ser empossado ainda nesta quinta-feira (23). A Polícia Federal fez escutas telefônicas durante a Operação Máscaras da Sanidade, que levou ao pedido dos mandados de busca e apreensão, além da prisão dos envolvidos. Nas gravações, os policiais federais identificaram que o prefeito tinha relações com o empresário Evandro Leite da Garcia, dono das construtoras Radier e Norte Vale. Garcia foi preso no dia 21 de julho durante a Operação Máscaras da Sanidade.

A ação recebeu o nome de Operação Odin, em referência ao principal deus da mitologia nórdica e que é considerado o Deus que tudo vê. A operação ocorre na contramão do movimento grevista da Polícia Federal, que está em greve desde o dia 7 de agosto. Nesta quinta-feira, às 8 horas, deverá ocorrer uma reunião entre o governo federal e os policiais federais para tratar sobre o fim da paralisação da categoria. Esse encontro será feito após o adiamento da reunião que estava prevista para essa quarta-feira (22), mas que foi prorrogada porque o governo pediu 36 horas para apresentar uma proposta aos servidores.

Uma coletiva de imprensa será realizada às 10 horas para que os policiais federais esclareçam a participação dos envolvidos no esquema fraudelento.

Policiais Federais de Montes Claros vão continuar em greve

Por meio de nota, a Polícia Federal de Montes Claros informou que tem participado efetivamente da greve deflagrada pela categoria nacionalmente, mas que o precisou atuar no cumprimento de mandados judiciais oriundos da Operação Odin, por acreditar que a ordem judicial represente importantes desdobramentos das investigações que vêm sendo realizadas. A nota diz ainda que a ação deve ter elevado valor pedagógico para gestores públicos e conscientização da população.

Com exceção da ação nesta operação, a Polícia Federal informou que vai permacener em greve até que a situação seja resolvido com o governo. O texto divulgado nesta quinta-feira (23) lamentava a necessidade da greve para chamar a atenção do governo. Um dos trechos traz: "Infelizmente (a greve) é a única alternativa e atitude que restam à categoria para ser percebida pelo governo federal. Buscamos a sensibilização do governo para os graves problemas estruturais que emperram o avanço da polícia federal no combate ao crime". 

Laranja com pequi

A cidade de Montes Claros  vem sendo alvo de investigações desde dezembro de 2009 por atos de improbidade geradores de enriquecimento ilícito e de dano ao erário. No dia 26 de junho, a Polícia Federal deflagrou no município a Operação Laranja com Pequi, na qual 11 pessoas, entre as quais o prefeito, um dos seus assessores especiais, a atual secretária de Educação, a ex-secretária Adjunta de Educação, além de dois servidores (ex-pregoeiro e assessor jurídico) do setor de compras da Prefeitura e de sócios e funcionários das empresas Stillus e Isoengenharia estariam envolvidos no esquema.

Fraudes que ocorriam na concorrência para o fornecimento de refeições nas escolas municipais da cidade foram desmascaradas pela investigação da Polícia Federal. Um dos resultados do esquema foi o cancelamento do contrato com a Stillus Alimentação Ltda. e antecipação do recesso escolar por falta de comida.

Atualizada às 7h44.

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