(Editoria de Arte)
Velho conhecido dos mineiros e da população brasileira por transmitir a dengue, o Aedes aegypti agora traz novas ameaças por ser vetor também da febre chikungunya e do zika vírus. A última doença inserida na lista do mosquito gera uma preocupação ainda maior, por estar associada à microcefalia. Diante desse cenário, mais do que nunca é preciso que haja a mobilização de todos na luta contra o inseto.
Embora Minas não tenha registros confirmados de zika e apenas casos importados de chikungunya, o número de pacientes com dengue mostra que o combate ao mosquito deixa a desejar, aumentando o receio de novas epidemias. De janeiro a outubro, o Estado contabilizou mais de 145 mil casos, aumento de 215% em relação ao mesmo período do ano passado.
Dentre as medidas previstas pela Secretaria de Saúde para enfrentar o Aedes estão o repasse direto de cerca de R$ 36,5 milhões aos municípios e a capacitação de médicos e enfermeiros.
Todos convocados
Em Belo Horizonte, 15,4 mil pessoas foram diagnosticadas com dengue até outubro. Embora a capital apresente índice de 0,6 no Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) – o recomendado é abaixo de 1 –, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) também vem intensificando as campanhas de conscientização.
“A participação da população no combate ao mosquito é fundamental. É dentro das residências que se concentram 80% dos focos do mosquito”, informou a pasta, em nota.
Segundo a SMSA, todos podem acionar a prefeitura e denunciar possíveis focos por meio do telefone 156. Em casos de lotes vagos particulares, o governo municipal analisa quais providências poderão ser tomadas.
Preocupação geral
No Brasil, o número de casos de dengue já passa de 1,5 milhão neste ano. Na última terça-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, reconheceu que os esforços que vinham sendo feitos não foram suficientes. De acordo com ele, o mosquito agora é considerado o “inimigo número um do país”.
Em alguns estados, onde o volume de pacientes com dengue, febre chikungunya e zika vírus é mais elevado, o Exército foi convocado a reforçar o combate ao Aedes aegypti.
Obstetra lista medidas de prevenção, mas rejeita ‘alarmismo’
A relação do zika vírus com o surto de microcefalia – má-formação no cérebro dos bebês – no Nordeste do Brasil foi confirmada pelo Ministério da Saúde no último sábado. O ministro Marcelo Castro chegou a alertar as mulheres para que evitem engravidar no momento, de modo que as crianças não corram o risco de desenvolver a doença.
Para o obstetra e membro da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig) Clóvis Bacha, no entanto, não é preciso alarmismo, mas é importante haver cuidado.
“Independentemente de acontecer algo com o filho, as mulheres podem desenvolver um quadro grave (da doença). Claro que se elas estiverem em uma área endêmica, é mais interessante esperar um pouco ou mudar de comunidade. Mas recomendar que evite-se a gravidez gera muito pânico”, afirma o médico.
Cuidados
Segundo ele, qualquer doença virótica oferece mais riscos no início da gestação, entre nove e 16 semanas. Para evitar picadas do mosquito nessa etapa ou antes dela, Bacha recomenda cuidados redobrados.
“Usar calças e sapatos fechados, principalmente pela manhã, porque o Aedes tem hábitos diurnos. Os repelentes também podem ser usados, mas a prevenção primária, que é o combate ao vetor, ainda é a mais importante”, ressalta o obstetra.