Porões da ditadura na capital mineira são esquecidos

Fernando Zuba - Hoje em Dia
31/05/2013 às 08:54.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:43

O resultado de uma pesquisa conduzida pela equipe da professora Heloísa Starling, coordenadora do Projeto República, da UFMG, e assessora da Comissão Nacional da Verdade (CNV), apontou que cinco centros de torturas, no período da ditadura, funcionavam de maneira efetiva em Minas. Dois na capital, um em Ribeirão das Neve e dois em Juiz de Fora, na Zona da Mata.

Porém, dois reconhecidos endereços, utilizados exaustivamente como aparato do estado ditatorial para torturar presos políticos, ficaram de fora da pesquisa.

Considerado um dos principais centros de tortura e repressão na época do regime militar, o antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), que ficava na avenida Afonso Pena, no Centro da cidade, onde hoje funciona a Divisão Antidrogas da Polícia Civil, não foi relacionado. Na unidade, havia uma sala exclusiva de tortura, apelidada pelos presos de “igrejinha’’.

No cômodo, equipado com isolamento acústico, os repressores utilizavam métodos violentos para que os detentos confessassem crimes que não haviam cometido.

Inferno

Além do antigo Dops, o relatório também não cita a Delegacia de Furtos e Roubos, localizada na rua Uberaba, no Barro Preto. Conhecida como “Inferno da rua Uberaba’’, a unidade foi alvo de várias denúncias de violação dos direitos humanos. Em seus porões, ocorreram, em 1969, as primeiras torturas praticadas contra militantes de esquerda do Colina (Comando de Libertação Nacional), presos após intensa troca de tiros com policiais no bairro São Geraldo.

Detido e torturado durante a ditadura militar, o vice-presidente da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia, Betinho Duarte, considera que a pesquisa deixou a desejar. “O mais grave foi a não inclusão de pelo menos 58 atentados terroristas acontecidos na capital”, lamenta Betinho.

Na avaliação da coordenadora do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, Heloísa Greco, o balanço do primeiro ano de atividade da Comissão Nacional da Verdade (CNV), incluindo a pesquisa da UFMG, é superficial e equivocado.

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