(Renato Cobucci/Hoje em Dia)
"Ministro Joaquim Barbosa não leu o processo (de Bruno Fernandes)". Essa foi a alegação do advogado Rui Barbosa para ter protocolado nessa quarta-feira (3) um embargo modificatório no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, em relação à decisão do ministro que embargou o pedido de habeas corpus do ex-jogador do Flamengo, acusado de ter Eliza Samudio. Na decisão anunciada pelo ministro no dia 1º de outubro, ele justificou a decisão esclarecendo que não houve "nada de novo no processo" em favor ao ex-atleta para que fosse concedido o benefício ao goleiro. Pimenta discorda e diz que acontecimentos recentes "modificaram completamente o processo".
Segundo Pimenta, o julgamento do mensalão tem atarefado Barbosa, que é relator do processo, e, por isso, ele não teria lido o material - que tem mais de 8.500 folhas e 44 volumes. "A assessoria deve ter olhado isso e ele deu o despacho sem ler. Ele alegou que não teve modificação nenhuma no processo, mas isso não é verdade", afirmou o advogado. Para Rui, duas questões fundamentais que poderiam livrar Bruno da cadeia não foram levadas em conta. A primeira delas é o decreto de prisão preventiva da juíza Marixa Rodrigues, do Fórum de Contagem e outra a redução da condenação do jogador por cárcere privado, lesões corporais e constrangimento ilegal, do Tribunal do Rio de Janeiro, expedida pela desembargadora Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes, no dia 14 de setembro.
"Esse processo no Rio acabou. Consegui que o tribunal de lá reduzisse a pena de 4 anos e seis meses para 1 ano e três meses, com isso, o Bruno fica livre da prisão", afirmou. A Justiça determinou ainda que fosse expedido alvará de soltura de Bruno. O advogado questionou ainda o fato de Bruno estar preso desde 2010, na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH. "Ninguém pode ficar mais de dois anos preso preventivamente, isso não existe em nenhum tribunal do país", acrescentou.
Rui Pimenta tem esperança no "perfil" de Joaquim Barbosa para ver a decisão do ministro do STF modificada. "Ele tem se mostrado ser um justiceiro, corrigindo a corrupção no país, espero que tenha o mesmo bom senso para consertar esse embargo equivocado decretado por ele", defendeu.
Entenda o caso
O ex-goleiro Bruno, que seria amante de Eliza Samudio, é acusado de encomendar a morte da modelo. O atleta, o amigo dele, Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", o primo Sérgio Rosa Sales - que foi assassinado em agosto deste ano - e Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", respondem aos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver.
Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, na época mulher do atleta; Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha"; Elenílson Vítor da Silva, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do jogador, respondem pelos crimes de sequestro e cárcere privado. O julgamento que definirá o futuro dos acusados não tem previsão de ocorrer.
Eliza Samudio está desaparecida desde o dia 4 de junho de 2010, quando fez um último contato telefônico com uma amiga. Segundo a polícia, ela foi morta e teve seu corpo esquartejado. No entanto, os restos mortais da ex-modelo não foram localizados até hoje.