Por dia, 12 multas são aplicadas por descarte de lixo em local proibido em BH

Simon Nascimento
02/01/2019 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:49
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Doze multas por descarte irregular de lixo são aplicadas diariamente em Belo Horizonte. De janeiro a novembro de 2018 foram 4.079 infrações. A ação dos sujões resultou no recolhimento de 105 toneladas de entulho, número que em 11 meses ultrapassa em mais de mil quilos o montante retirado em todo o ano de 2017.

Os dados são da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). O valor da autuação varia de R$ 185 a R$ 5,5 mil, conforme o tipo e o volume de material descartado. O desrespeito é cometido nas nove regionais da metrópole, principalmente em áreas desocupadas, esquinas pouco movimentadas e córregos. 

A punição ocorre após o flagrante de fiscais ou descumprimento de exigências. Na maioria dos casos, os donos de lotes vagos tomados pela sujeira são comunicados e têm 15 dias para providenciar a limpeza. Se a medida não for tomada, ele é multado. Em 2018, foram mais de 13 mil notificações. Maurício Vieira

Sem o menor constrangimento, homem deixa lixo em calçada da rua Vasco Balboa

“Ninguém está imune. Às vezes, durante uma caminhada pela região você pode ser picado por um mosquito ou escorpião”Unaí TupinambásProfessor da UFMG

Pontos

Levantamento atualizado recentemente pela SLU apontou a existência de 732 pontos clandestinos de detritos na capital. Além do mau-cheiro, os materiais descartáveis também são comuns: garrafas pet, pneus, móveis, restos da construção civil e lixo doméstico.

De acordo com o órgão, a expectativa para 2019 é a de reduzir a quantidade de bota-foras em 15%. O trabalho, no entanto, não será fácil. O Hoje em Dia visitou alguns locais e constatou muitos problemas. Até mesmo moradores depositando o lixo sem o menor constrangimento foram flagrados. Maurício Vieira

Esquina das ruas Jair Afonso Inácio com Padre Pedro Pinto se tornou um bota-fora

No cruzamento das ruas Vasco Balboa e Bartolomeu Dias, no Taquaril, região Leste de BH, um rapaz descarregou um carrinho de mão com três sacos de entulho na última sexta-feira (30) na calçada, transformada em lixão. Abordado pela reportagem, ele não quis falar sobre a irregularidade.

A falta de educação também foi percebida no bairro Tupi, na zona Norte, onde um homem também despejou a sujeira de um carrinho no passeio, às margens da rodovia MG-020. Além de pneus, móveis, madeira e detritos da construção civil, uma poça d’água se formou com a chuva, favorecendo a proliferação de focos do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, chikungunya e zika.Maurício Vieira

Desrespeito também foi flagrado às margens da rodovia MG-20, Norte de BH

Outro ponto que chama a atenção é uma área entre a avenida Itaituba e a rua Gomes Pereira, no bairro São Geraldo, também na regional Leste. Moradores do entorno denunciam que carroceiros, empresas do ramo de construção e até restaurantes lançam os detritos no lote.

A funcionária pública Ilvana Lages, de 68 anos, mora por lá e diz que está assustada com a presença de sapos, baratas, ratos e pernilongos. “Uso repelente e inseticidas em spray e em pastilhas. Os animais mortos também incomodam. Toda semana jogam cachorro ou cavalo aqui”. Ilvana ainda relata que, há dois anos, o neto, de 9, contraiu dengue.Wesley Rodrigues

Na avenida Heráclito Mourão de Miranda até sofá é descartado em lote vago

Riscos

Além das doenças provocadas pelo Aedes aegypti, o acúmulo de lixo pode desencadear casos de leptospirose, diarreias e hepatites. Professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Unaí Tupinambás diz que, durante o verão, com a intensificação das chuvas e altas temperaturas, as enfermidades são mais fáceis de serem contraídas.

300 pontos limpos existem atualmente em BH; áreas eram usadas irregularmente para receber lixo e hoje foram transformadas com a ajuda da população

“O risco de se ter uma doença com sérias complicações é alto. Ninguém está imune. Às vezes, durante uma caminhada pela região você pode ser picado por um mosquito ou escorpião”.

Além disso

Chefe do Departamento de Serviços de Limpeza da SLU, Pedro Assis Neto garante que a contribuição da população é fundamental. “É um trabalho compartilhado. A gente pede que, se há algum material para ser depositado, que a pessoa leve a uma Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPVs) da prefeitura”. Os endereços podem ser consultados no site pbh.gov.br.

O gestor reforça que os moradores também podem denunciar as irregularidades ligando para o 156, a Central de Atendimento da PBH. “Estamos estruturando um projeto para este ano que, de início, vai atuar em dez bairros na limpeza dessas áreas e com campanhas educativas”, acrescenta Pedro Assis.

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