(Frederico Haikal/Hoje em Dia)
Portadores da Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), uma doença rara e que não tem cura, estão sem receber o medicamento indispensável para o tratamento: o Bosentana, de 125 miligramas. Quase a totalidade dos pacientes depende da distribuição do produto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado, por meio da Farmácia de Minas, já que o custo mensal dele passa de R$ 3.800.
Dependendo apenas da rede pública, pacientes denunciam que a distribuição do Bosentana está irregular desde o segundo semestre de 2014. “Atrasou 23 dias em dezembro. Fui buscá-lo no dia 15 de janeiro, e não havia no estoque e sequer previsão para chegar”, disse Rosângela de Oliveira, de 51 anos, portadora da doença. Ela conta que, sem o remédio, agravam-se os sintomas como falta de ar e cansaço excessivo. “Tenho que usar balão de oxigênio 24 horas por dia”, lamenta.
Já Elisângela Parreiras, de 40 anos, conseguiu pegar o remédio no último dia 6, mas ficou sem o fármaco em novembro de 2014. “Todo mês fico na expectativa se vou ou não conseguir o Bosentana, pois ele garante qualidade de vida aos pacientes”.
Quando o SUS não tem o medicamento, nem a rede particular é alternativa. “É muito caro e a doença é rara. Isso impede de a rede particular adquirir o remédio. Sabemos apenas uma farmácia, no Rio de Janeiro, que vende”, pontuou o presidente da Associação Mineira de Hipertensão Pulmonar (Amihap), Rodrigo Vilaça.
BUSCA DE SOLUÇÃO
Em dezembro de 2014, Vilaça pediu a interferência do Ministério Público na questão. “A impressão que se dá é que o remédio não é comprado na forma suficiente”, afirma.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que enfrenta dificuldade no processo de compra do Bosentana 125 mg, mas não detalhou quais são os obstáculos para a obtenção do produto. A expectativa da pasta é a de que o fornecimento seja regularizado até o fim deste mês. A quantidade de medicamentos adquiridos depende da demanda apresentada por cada regional de saúde.
Tratamento inadequado pode agravar estado de saúde
A Hipertensão Arterial Pulmonar (HPA) é uma doença que provoca um estreitamento dos vasos sanguíneos, elevando a pressão no território pulmonar. Os últimos dados do Ministério da Saúde, de 2012, apontam que 1.181 pessoas foram internadas na rede SUS em decorrência da doença em todo o país. No mesmo ano, cerca de 600 pacientes morreram por causa da HPA.
De acordo com a pneumologista do Centro de Referência em Doenças da Circulação Pulmonar do Hospital Júlia Kubitschek, Virgínia Guimarães, a Bosentana é um dos principais remédios no tratamento contra a enfermidade.
Virgínia alerta para a importância do tratamento não ser interrompido, para evitar grandes complicações. “Caso os pacientes não tomem o remédio pode acontecer a piora rápida e súbita da doença, com o risco iminente de óbito”, explicou.