Prédios e casas são adaptados durante época de cheia do rio Doce

Daniel Antunes - Do Hoje em Dia
18/09/2012 às 06:51.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:22
 (Leonardo Morais/Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Hoje em Dia)

GOVERNADOR VALADARES – Afetados há décadas por enchentes, moradores de Governador Valadares – de bairros ricos ou pobres – se viram como podem para driblar o vaivém do rio Doce em época de chuva. Enquanto políticas de prevenção se mostram insuficientes, a forma encontrada de evitar prejuízos e risco à vida é adaptar as moradias ao avanço da água.

Uma técnica consagrada em Valadares, onde centenas de famílias vivem à beira do maior rio da região, é dotar a moradia de um segundo pavimento. Quando há transbordamento, o terraço vira refúgio.

Para o alto

O casal Silvério Ferreira de Souza e Rosilene Monteiro, ambos com 44 anos, fazem planos para terminar as obras do segundo andar da casa, no bairro Santa Rita. “Na enchente de janeiro, perdi cama, guarda-roupa e eletrodomésticos. A água subiu muito rápido”, conta Rosilene, que vive a menos de 10 metros do leito do rio Doce.

No início do ano, a cidade registrou a terceira maior enchente da história, com 12 bairros inundados. Na zona rural, um deslizamento de terra matou um casal. Cinquenta famílias ficaram desabrigadas.

Valor insuficiente

A prefeitura de Valadares informou ter recebido R$ 1 milhão do Ministério da Integração Nacional. O dinheiro foi usado em ações de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução. Nenhum centavo chegou para ações preventivas, informa o município. Em nota, o ministério alegou que, no país, serão investidos R$ 18,8 bilhões em prevenção.

A solução tem sido uma eterna adaptação à natureza. Desde a década de 90, casas (unifamiliares) em áreas ribeirinhas só são aprovadas se o projeto contemplar um terraço. A professora aposentada Carmelita Serra, de 61 anos, vai além. Ela pretende substituir os armários de cozinha, danificados pela enchente deste ano, por móveis de alvenaria.

Na casa de classe média na Ilha dos Araújo, cristaleira, sofá, armários de banheiro e camas já são de cimento e tijolo. “Com os móveis em alvenaria, a preocupação é menor. Depois da enchente, é só lavar tudo o que ficou sujo”, afirma Carmelita.

Prédios também são construídos na Ilha dos Araújos a partir de critérios específicos. Os imóveis devem estar a 100 m do leito do rio e ter pilotis e terraço.

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