Praça Raul Soares é dominada por sem-teto e usuários de droga

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
30/01/2014 às 08:11.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:40
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Quase três meses depois da denúncia feita pelo Hoje em Dia, nada mudou. A Praça Raul Soares, no Centro de Belo Horizonte, está tomada por sem-teto. À luz do dia, não é raro encontrar moradores de rua tomando banho na fonte, colchões e mochilas espalhados pelo gramado e uso de drogas debaixo de lençóis.

Alguns ocupantes são usuários de maconha e crack, e se drogam sem cerimônia e à revelia do poder público, apropriando-se da praça como casa. Comerciantes, frequentadores e funcionários da prefeitura denunciam: a Guarda Municipal, que deveria zelar pelo patrimônio e evitar a obstrução de vias públicas, não aparece por lá.

“Outro dia mesmo, chamei um guarda que estava aqui perto e falei sobre o uso de droga. Sabe o que ele me disse? Deixa isso pra lá”, relatou um jardineiro que trabalha no local há sete meses. Na tarde de ontem, a reportagem flagrou situações cotidianas. Após tomarem banho na fonte, eles se vestem no gramado, onde estendem as roupas molhadas e dormem nos colchões espalhados. Um grupo de cinco pessoas se cobre com uma colcha para tentar esconder o uso de crack.

“A gente sabe que eles usam droga. Maconha é descarado mesmo, mas o crack eles tentam esconder”, comentou uma vendedora de sorvete. Não bastasse o testemunho de quem passa por lá, os próprios “moradores” confirmam a liberdade concedida pelas autoridades. Isac Santos Costa, de 33 anos, mora na praça há seis anos. Ele lamenta não ter para onde ir e revela que fuma maconha sem ser incomodado.

“Se eu saio daqui vou parar em outra praça. Os abrigos da prefeitura são medíocres. Enquanto isso, vou ali, tomo meu banho, volto tiro um cochilo e fumo maconha. Fumo mesmo”, conta Isac, que divide um pedaço do gramado com a namorada, um amigo e dois cachorros.

A prefeitura informou que o serviço de abordagem social nas ruas é realizado com frequência, mas que em nenhuma hipótese é feita a retirada compulsória dos moradores de rua. Já a Guarda Municipal esclareceu, por meio da assessoria de imprensa, que irá verificar a conduta dos agentes que atuam no local e que o uso de drogas não será tolerado.
 
Norma prevê apreensão de pertences

 
Uma instrução normativa da prefeitura de Belo Horizonte, em vigor há 45 dias, prevê o recolhimento de pertences não essenciais à vida de moradores de rua e que estejam obstruindo a via pública.

A medida autoriza a apreensão de materiais que não possam ser carregados pelos próprios moradores, como fogões, armários, colchões e barracas. Itens como peças de vestuário, alimentos, documentos, bolsas e mochilas são mantidos com as pessoas.

 

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