(Frederico Haikal)
O horário de verão começa no próximo domingo. A hora adiantada nos relógios tem impacto maior no organismo das crianças, segundo a presidente do Departamento de Neurologia da Associação Médica de Minas Gerais, Rosamaria Peixoto Guimarães. Os pequenos dormem menos, ficam mais agitados e propensos a um grau maior de irritabilidade durante o dia. Alimentação e algumas mudanças na rotina podem amenizar os “estragos”.
“O sono prejudicado, no adulto, gera cansaço. Na criança, muita agitação”, acentuou a neurologista.
A jornalista Renata Zacaroni, de 26 anos, sabe bem o que é isso. Ela contou que o filho João Vítor, de 7, fica ainda mais elétrico durante o horário de verão. Para tentar minimizar os efeito e domá-lo, Renata o coloca na natação pela manhã. À noite, nada de agito, só leitura e alguns jogos. “Tento manter o mesmo horário de colocá-lo na cama e de acordá-lo. Esse esforço diminui os efeitos do horário de verão”, disse.
A enfermeira Izabella Rocha, de 35 anos, é mãe de Lívia, de 1 ano e um mês, que no ano passado sofreu o impacto da mudança no relógio pela primeira vez. “Ela custava a adormecer. Para relaxá-la, eu dava um banho na hora de dormir e também chá de camomila”, disse.
NO PRATO
A alimentação é forte aliada no processo de adaptação ao novo horário. De acordo com a nutróloga Alice Amaral, especialista em medicina do exercício e esporte, manter os horários das refeições e investir em alimentos mais leves são primordiais para ajudar o organismo a funcionar melhor e para ter um sono mais tranquilo. “Se a pessoa conseguir manter uma alimentação saudável nesse período já é meio caminho andado para se adaptar facilmente”, declarou.
HORMÔNIOS
Alice Amaral explicou que a demora na adaptação ao novo horário tem influência hormonal. Segundo ela, o corpo tem horário certo para liberar a melatonina (hormônio do sono) e, ao acordar, libera cortisol (que prepara o organismo para o dia a dia). “Muda o horário no relógio (mecânico), mas o nosso relógio biológico não sabe dessa mudança e segue o mesmo ritmo”, observou, acrescentando que isso explica o cansaço, a irritabilidade e alterações de humor dos primeiros dias.
JÁ PARA A CAMA!
Para a neurologista Rosamaria Guimarães, o ideal é que uma semana antes do início do horário de verão todo mundo comece a dormir dez minutos mais cedo. Faltam apenas três dias para a mudança, mas a especialista afirmou que ainda há tempo para facilitar a adaptação.
Segundo ela, deitar mais cedo durante o período também pode ajudar bastante. “Devido à rotina do dia a dia não tem como mudar a hora de acordar, mas dá para administrar a hora de ir dormir”, disse.
Serão 126 dias com o relógio adiantado em uma hora
O horário de verão 2014/2015 terá a duração de 126 dias. Na virada de sábado para domingo os relógios deverão ser adiantados em uma hora. De acordo com informações do Ministério de Minas e Energia, a economia será de R$ 278 milhões, com redução de 4,5% na demanda por energia elétrica em todo o país.
O valor será R$ 127 milhões menor do que os R$ 405 milhões alcançados na última edição do horário especial (2013/2014), apesar de a duração ter sido um pouco menor.
O horário de verão é válido em todos os estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, incluindo o Distrito Federal. Ele vai durar até 22 de fevereiro do ano que vem.
Dicas para amenizar os efeitos do horário de verão no organismo:
- Evitar bebidas como café, chá preto, chá mate e refrigerantes à base de cola, que prejudicam o sono;
- Da preferência a frutas, verduras e legumes, que facilitam a digestão;
- Consumir alimentos que possam ajudar a melhorar a qualidade do sono, como banana, rica em triptofano, precursor da serotonina, o hormônio da felicidade, que, por sua vez, é precursora da melatonina, hormônio
do sono e da juventude;
- Incluir alface, maracujá e chás de ervas na alimentação também beneficiam o sono
- Aumentar a ingestão de líquidos. Se o organismo estiver bem hidratado, não vai despertar à noite por causa da sede;
- Evite refeições pesadas à noite;
- No caso das crianças, ao fim do dia desenvolver atividades que as relaxem, como jogos ou leitura, para que elas durmam mais cedo e tenham um sono melhor;
- Diminuir o ritmo após às 18h e não acrescentar atividades agitadas pelo fato de o dia ainda estar claro;
- Manter a rotina alimentar, porque ela estimula o relógio biológico a se adaptar.
Fonte: Alice Amaral - especialista em Nutrologia e Medicina do Exercício e Esporte