Prefeitura de BH aposta em composto natural para combater besouro metálico

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
17/08/2017 às 20:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:08
 (DIVULGAÇÃO)

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Sem nenhum predador ou produto que combata o besouro metálico, que tem devastado árvores da capital, a Prefeitura de BH aposta agora na aplicação de um repelente. Um composto natural está sendo testado nos troncos de mungubas e paineiras, espécies que são alvo do inseto.

A aplicação, inédita na cidade, é bancada por uma empresa norte-americana, em parceria com o Instituto Biológico, ligado à Secretaria de Agricultura de São Paulo. No estado vizinho, a utilização já foi feita em palmeiras atacadas por outros tipos de besouros e teve resultados satisfatórios.

Aplicação

Quarenta e uma árvores de BH já receberam o repelente. Três doses de nove gramas do composto foram injetadas. O produto precisa ser reaplicado em até seis meses. Caso os troncos protegidos não sejam atacados, como é esperado, a estratégia será ampliada para toda a cidade. 

Como o trabalho é desenvolvido em caráter experimental, não haverá custos para a prefeitura. “A empresa Isca Technologies vai pagar esse tratamento porque servirá de projeto-piloto. Depois, o produto será vendido”, afirma o diretor do laboratório de pragas do Instituto Biológico, Francisco José Zorzenon. 

O pesquisador está à frente da ação experimental que tenta banir a presença do besouro metálico. Ele é o responsável pelo treinamento de técnicos da prefeitura.

Catação

Enquanto os testes são feitos, a única opção de combate efetivo ao besouro é a ‘catação’, ou seja, a retirada manual dos bichos, segundo o engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sérgio André de Souza Oliveira.

No entanto, não há uma estimativa da quantidade de insetos existentes. Há relatos da presença da praga na cidade desde 2013 com intensificação a partir de 2015. O que se sabe, conforme o especialista, é que cada besouro pode botar até cem ovos ao longo da vida.

Eliminação de riscos

O corte de árvores não é considerado pela prefeitura uma medida de combate, mas sim uma ação de eliminação de riscos. 

“O estrago feito pelo besouro na árvore não cicatriza. A larva compromete o sistema articular, que é onde ela se alimenta e fixa no chão. A supressão é feita devido ao perigo de uma árvore de grande porte cair sobre as pessoas e imóveis”, explica Sérgio André.

Dados da Defesa Civil, até o momento, mostram que o ataque dos besouros levou à supressão de 427 árvores na capital. Outras 1.800 estão sendo monitoradas e podem ser cortadas caso apresentem risco de queda.

Outros riscos

O mestrando em biologia animal, com ênfase em besouros, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Artur Orsetti, acredita que os repelentes podem ser um bom método de controle do avanço do inseto. Ele pondera, no entanto, que as árvores afetadas estão sujeitas a outros problemas, como a exposição do tronco. “Os besouros deixam as árvores abertas a outras pragas também danosas”, afirma Artur Orsetti<CF35>. 

Para o especialista, a eliminação da praga não é uma tarefa simples. Uma saída seria a introdução de predadores naturais, mas a opção também pode oferecer novos problemas. “Pode causar um desequilíbrio ambiental e até mesmo depredação de outras espécies de árvores”, acrescenta.

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 MAURICIO VIEIRA

Ao todo, 41 árvores receberam o repelente; produto precisa ser reaplicado em até seis meses

Nova fase dos testes acontece em outubro; replantio é estudado

m estudo a utilização de compostos à base de neonicotinoides – um tipo de inseticida.

O produto, que visa matar os insetos e as larvas, também já foi usado no controle de outras pragas, mas não foi testado contra o besouro metálico. Segundo Francisco José Zorzenon, do Instituto Biológico de São Paulo, testes feitos em laboratórios teriam comprovado a eficácia do produto.

Essa segunda fase deverá ser feita em outubro, segundo informações da Prefeitura de BH. “Vamos fazer em caráter emergencial porque, do contrário, a praga vai avançar para árvores sadias”, afirma Zorzenon. Ele garante que no verão a tendência é de uma piora da situação, uma vez que temperaturas elevadas são mais propícias para a proliferação das larvas.

Amenizar

Para amenizar os impactos trazidos pelos cortes das árvores na paisagem, uma equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente está fazendo um estudo sobre o replantio. “Corte e plantio são manejos. É normal que sejam feitos. As árvores que estão doentes têm que ser cortadas e onde há espaço plantamos outras”, afirma o engenheiro agrônomo Sérgio André de Souza Oliveira.

Nos pontos onde as árvores foram suprimidas por causa do besouro é aguardado um período de 180 dias antes do replantio para se ter certeza que as larvas foram mortas. Há casos em que o plantio não ocorrerá no mesmo lugar em respeito ao Código de Posturas do município, que leva em conta largura do passeio, distanciamento do poste de energia, dentre outros.Editoria de Arte

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