O que era para ser uma inocente intervenção artística na avenida Bandeirantes, região Centro-Sul de Belo Horizonte, virou motivo de polêmica. Um dia após quatro bolas de concreto existentes no chão serem pintadas de preto e receber "pavios" para simular bombas, a prefeitura providenciou a limpeza do espaço.    As bolas de concreto dividem o espaço entre os carros e a pista de caminhada. Há dezenas delas no trecho. A intervenção foi finalizada na madrugada da última quarta-feira (7), no mesmo dia do atentado que deixou 12 pessoas mortas em Paris. Em seguida, lápis foram colocados no local para prestar homenagens às vítimas.   Os autores da obra são a consultora de moda Giovanna Penido, o designer Sandro Souza e o fotógrafo Sidney Haddad. Giovanna conta que a ideia surgiu em um bate-papo entre os amigos, numa lanchonete da região. Ela ficou surpresa e indignada com a "limpeza" feita pela prefeitura.    "Fiquei em estado de choque. Tudo começou com uma brincadeira baseada em desenhos animados, que têm essas bombas. Depois, veio o atentado. Em momento algum a intervenção teve tom agressivo. Era para ser apenas divertida, e depois virou uma homenagem aos jornalistas que morreram na França", diz Giovanna Penido. A cena ganhou o nome de "BHoom"   Entre os frequentadores do espaço, as opiniões se dividem. De um lado, os que aprovam a intervenção artística. Do outro, quem afirma ser de "mau gosto" e que atrapalha a caminhada. "Como as bolas eram pretas, à noite não dava para enxergar, quando as pessoas estão correndo. Os motoristas também poderiam ter dificuldades", afirma o engenheiro Rafael Carvalho, de 28 anos.    "Acho que pegou mal por ser uma bomba", completa a aposentada e moradora da região, Goreth Silva, de 49. Por outro lado, a estudante de relações públicas Ana Carolina Freire, de 31, fez elogios. "Achei interessante. Belo Horizonte carece de iniciativas divertidas como essa, que despertam a curiosidade da população".   Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que as demarcações foram pintadas para retomar a cor original. Segunda a administração, neste caso, "não houve licenciamento para a intervenção realizada no local e que o cidadão não pode descaracterizar o mobiliário urbano público".     Bolas de concreto dividem o espaço entre os carros e a pista de caminhada. Foto: Frederico Haikal

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