Presídio mineiro ganha escola: detentos têm acesso a estudo e atividades de ressocialização

Hoje em Dia
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31/03/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:57

Uma parceria entre o Governo de Minas e instituições de Baependi, no Sul do Estado, resultou na inauguração de mais um espaço para a ressocialização de detentos do presídio da cidade. Quarenta e cinco presos serão beneficiados com a escola, que conta com quatro salas. Com a nova instalação, a unidade passa a ter vagas de estudo para todos os acautelados.

A obra contou com a ajuda de parceiros como a Pastoral Carcerária, o Conselho da Comunidade, a Prefeitura Municipal, a Câmara de Vereadores e empresários locais. O secretário de Estado de Administração Prisional, Francisco Kupidlowski, fez questão de comparecer à inauguração para prestigiar o trabalho que a unidade prisional e a comunidade fizeram. 

“Nós assistimos aqui a uma manifestação de cidadania, de pessoas que fazem sua parte pensando no bem coletivo. Reafirmo o compromisso do Governo de Minas de dar segurança e humanizar o Sistema Prisional. É nossa obrigação a ressocialização. Todas as atividades que tenham esse fim têm total apoio da Secretaria de Administração Prisional (Seap)”, enfatizou.

Com a nova instalação, o Presídio de Baependi, no Sul de Minas, passa a ter vagas de estudo para todos os acautelados  no segundo endereço da Escola Estadual Anísio Esaú dos Santos

Estrutura

A construção do espaço começou em 2011, quando a unidade foi assumida pela Seap. Aos poucos, as salas foram sendo construídas. E o número de presos que estudam aumentou. Quinze professores da rede estadual lecionarão para as turmas, que vão desde as séries iniciais até o ensino médio.

A obra foi finalizada no início deste ano e, segundo a direção da unidade, o custo ficou em cerca de R$ 55 mil. Oito presos que tinham habilidade para o setor de edifica-ção foram selecionados para trabalhar.

O diretor-geral do presídio, Luiz Waldeci Ribeiro, lembrou o trabalho feito pela equipe. “Quando assumi, eram cinco celas aqui. E a capacidade era para 21 presos. Neste tempo de trabalho, dobramos o número de celas, triplicamos as vagas e fizemos várias outras melhorias. Foi um trabalho em conjunto, e agradeço a todos por isso. A educação é transformadora, e eu espero que os detentos agarrem essa chance”.

Há três anos no presídio, Ricardo Muniz também esteve preso em São Paulo. Mas foi na unidade de Baependi que a perspectiva de vida mudou. “Aqui, eu pude concluir o ensino médio, tive oportunidades de trabalhar e estudar e agora não volto mais para o crime. Com o incentivo e apoio das pessoas que trabalham aqui, hoje eu acredito que sou capaz de ser alguém melhor”.

Projeto ensina técnicas de artesanato aos acautelados; produtos são comercializados

Além da escola, a unidade prisional de Baependi também oferta outras oportunidades de ressocialização para as pessoas privadas de liberdade. Na parte da tarde, os presos que estudam pela manhã participam do projeto de artesanato “Reeducarte”.

Vinte detentos são orientados pela professora voluntária Kátia Cambraia. Eles produzem descansos de panelas, feitos com tampas de garrafa e cortiço; tela cobre-lanche, com rendas e fuxicos; laços e gravatas para cães; almofadas e capas feitas com a técnica capitone, que usa formas geométricas. 
Os produtos são vendidos para o comércio local e para servidores da unidade. O lucro é revertido para a compra de material e também é enviado para os familiares dos presos.

E mais

O presídio ainda conta com uma horta, onde três presos trabalham. Outros 15 executam atividades como faxina e manutenção da unidade. Há também uma confecção, que emprega sete detentos e produz uniformes para o Sistema. 

Segundo o diretor-geral, o presídio mantém parcerias com instituições da cidade, onde sentenciados fazem reformas e manutenção de espaços públicos.

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