Preservação da memória de Venda Nova pelas mãos da comunidade

Mariana Durães
11/12/2018 às 21:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:31
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Erguido na rua Boa Vista, esquina com Padre Pedro Pinto e avenida Álvaro Camargos, em Venda Nova, o sobrado azul e branco salta aos olhos em meio às construções do entorno. Único bem tombado da região, o imóvel que ainda guarda características do século XIX, foi construído para ser sede de uma fazenda nos tempos de Curral del-Rei.

No interior, se destacam as tábuas de madeira da casa, o forro pintado de branco dos poucos cômodos e o piso de ladrilho hidráulico da varanda. Os elementos, no entanto, foram completamente refeitos após um incêndio, ocorrido em 2007. A ajuda da população foi fundamental para a criação do Centro de Referência da Memória de Venda Nova.Maurício Vieira 

Lúcia César Santos, de 84 anos, lutou para que o espaço se tornasse o que é hoje. A briga para que o prédio fosse tombado foi iniciada pelo CULTURARTE, grupo que visava a valorização e preservação da região.

“Na época, o incêndio foi uma tristeza enorme porque a casa sempre foi uma referência e sabíamos que era importante preservá-la. A reconstrução, mesmo que nos termos possíveis, dividindo espaço com a Umei, foi muito importante”, conta a aposentada, que se classifica como “juntadora de histórias”.

Desde a década de 1950, quando se mudou para o loteamento de Venda Nova, ela fez um arquivo próprio de informações com cerca de 300 fotos, que mais tarde foram cedidas ao centro cultural. Agora, cinco anos após a inauguração, Lúcia faz ressalvas. Para ela, o Centro de Referência da Memória de Venda Nova conserva a casa, e reconhece sua importância, mas ainda precisa ser melhor explorado.

Segundo o técnico em patrimônio cultural da Fundação Municipal de Cultura Henrique Willer de Castro, a maior parte dos visitantes é composta por grupos de estudantes e de idosos. “Temos um público espontâneo, de quem passa na porta e entra. Acredito que o processo de apropriação real, e não mais simbólico, leva um tempo. Para acelerar isso, temos feito atividades como a semana de memória e patrimônio, que acontece sempre em agosto, além de convidar escolas para visitas guiadas”, diz.

O espaço tem, em uma das salas, exposições de fotos e, em outra, instrumentos da primeira corporação musical de Venda Nova, de 1925. Lá, também uma sala de reuniões e diretoria da unidade municipal de educação infantil, construída no terreno anexo de 5 mil metros quadrados.

 Maurício VieiraUm exemplo do sistema pau a pique foi reproduzido para lembrar o estilo de construção da casa, destruída pelo fogo

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