Preso em operação contra o PCC, candidato a deputado federal financiava munição para a quadrilha

Da Redação
19/03/2019 às 16:42.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:52
 (Malú Damázio)

(Malú Damázio)

Um candidato de Minas Gerais a deputado federal nas eleições de 2018 está entre os 22 presos, nesta terça-feira (19), na operação "Hefesto", da Polícia Civil (PC), que mapeou o núcleo mineiro da maior facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC). O suspeito, de 35 anos, seria responsável pelo financiamento de munição para a quadrilha no Estado. 

O "empresário" natural de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também era presidente de uma associação de direitos humanos voltada para familiares de presos. Além do financiamento de munição, ele também foi apontado pela corporação como responsável por organizar as "mobilizações" da facção, como motins, rebeliões e ataques promovidos pelos bandidos. 

Na última eleição, o candidato, que teve pouco mais de 3.700 votos, declarou um patrimônio de R$ 4.5 milhões. Entre os bens declarados, estão R$ 280 mil em veículos automotores, R$ 1,8 milhão em imóveis e R$ 2,5 milhões em "outros bens e direitos". 

O delegado Marcus Vinicius Lobo Vieira Leite defende que a operação deflagrada nesta terça foi um duro golpe no crime organizado. "Conseguimos identificar e prender 22 líderes da quadrilha, o que representa um duro golpe para o crime. Foram presas as lideranças e vamos continuar trabalhando para dar uma reposta à sociedade e garantir a qualidade da segurança pública em Minas Gerais", destacou.

Ao todo, a PC cumpriu 52 mandados, sendo 22 deles de prisão e 30 de busca e apreensão. Além disso, foi feita uma prisão em flagrante durante a operação. Conforme a corporação, a investigação que culminou nas prisões levou aproximadamente oito meses, sendo realizada nas cidades de Belo Horizonte, Contagem, Uberaba, Passos, Campo Florido, Ouro Fino, Francisco Sá e Três Corações, além de outros Estados, como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Paraná. Dentre os suspeitos com mandados de prisão, três não foram localizados.

As "sintonias"

Ainda segundo a corporação, durante as investigações foi possível mapear a rede de comando do PCC dentro de Minas Gerais, sendo que as lideranças estaduais estão divididas em colegiados denominados "Sintonias". Cada um destes núcleos possui poder de decisão e comando sobre os demais integrantes que se reportam a elas. Os colegiados são compostos por um número de pessoas que varia de acordo com a necessidade de cada "sintonia" e possuem como função a deliberação sobre temas específicos de cada área de atuação da organização criminosa.

Os núcleos da facção estão divididos entre: Sintonia Geral do Estado; Sintonia Geral do sistema (prisional); Sintonia Geral da FM (responsável pelos pontos de venda de droga), Sintonia Geral dos Caixas (cuidava da venda de produtos dentro dos presídios) e Sintonia Geral da Rua (coordenação dos membros da facção em liberdade). 

As apurações mapearam ainda integrantes das sintonias chamadas Apoio dos Estados e Países e Resumo dos Estados e Países, que são instâncias superiores, normalmente alocadas em outros estados onde o PCC possui maior capilaridade, como São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Elas têm o objetivo de fazer a conexão entre as instâncias dos diversos estados e países onde o PCC atua e a chamada Sintonia Final (comando maior da facção).

Já a Sintonia Geral do Estado seria a maior instância dentro de Minas, sendo responsável pela função decisória acerca da distribuição das funções, da participação nos batismos dos novos integrantes, do julgamento da conduta disciplinar dos integrantes, da transmissão das ordens das instâncias superiores (São Paulo), do julgamento de integrantes de facções inimigas (tribunal do crime), do controle e difusão de salves (ordens) para ataques a agentes e equipamentos públicos, dentre outras.

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