Primeira etapa de obra em casarão da rua Sapucaí termina em julho

Malú Damázio*
28/05/2019 às 19:50.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:51
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Um dos edifícios mais emblemáticos da rua Sapucaí, no bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte, o casarão com duas locomotivas que abrigou a antiga sede da Rede Ferroviária Federal, está de cara nova. A pintura faz parte da primeira etapa de restauração do centenário imóvel, que deve ser concluída em julho.

Além da entrega da fachada, serão contemplados nesta fase os projetos elétrico, hidráulico, acústico e paisagístico. Após a reforma, o prédio deverá receber o Centro Cultural Memória Ferroviária, a partir de 2020. O espaço contará a história dos trilhos e trens que cortam Minas.

O trabalho para recuperar os aspectos da década de 1910 é minucioso. Desde novembro, cerca de 20 funcionários retiraram, à mão, de sete a oito camadas de tinta que recobriam a construção. Eles misturam, inclusive, terra de formigueiro à massa utilizada na fachada.

“O objetivo era aproximar ao máximo de como era. Tentamos outros materiais, mas não deu certo. Pensamos nessa solução, que era um método utilizado em construções do passado, e recobrimos com tinta mineral”, conta a técnica em proteção e restauro da obra, Maria Caldeira.

Surpresas

Com mais de 3 mil metros quadrados de área e aproximadamente 50 salas, o casarão, de estilo eclético, reserva surpresas até para quem já está acostumado a lidar com a reforma de edifícios antigos. No processo, Maria Caldeira, que é restauradora há quase três décadas, descobriu arcos e detalhes nas paredes da pintura original, que simulavam pedras de mármore e painéis de madeira.

O engenheiro Henrique Mourão, que também participa do restauro, conta que a opção utilizada pelo arquiteto da época – ainda desconhecido – era uma alternativa à compra dos materiais, caros e importados. “Se fossem colocar madeira, ela precisaria vir da Europa e de navio”.

Janela histórica

Por se tratar de um edifício de grandes dimensões, recuperar todos os aspectos teria um custo elevado. Um recurso encontrado foi abrir pequenas “janelas históricas” nos cômodos. As paredes serão pintadas de branco, mas todos os espaços terão uma espécie de buraco, uma parte da estrutura original, para que os visitantes possam ver como o prédio era no começo do século passado.

A escadaria, de peroba – uma madeira nobre –, também foi revitalizada e é outra atração do prédio, que nos dois últimos anos foi cenário da CasaCor Minas, principal evento de arquitetura e decoração de BH.Lucas PratesAté oito camadas de tinta que recobriam a construção original são retiradas pelos técnicos

Lei de Incentivo à Cultura

Essa parte da reforma é realizada via Lei de Incentivo à Cultura, pelas empresas VLI e Multicult. O valor é de R$ 1,7 milhão. Restam outras duas etapas, de instalação elétrica e hidráulica, e montagem museográfica.

Os trabalhos no imóvel, que é tombado, são feitos sob a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Até lá, quem quiser conferir o andamento da obra pode fazer uma visita guiada gratuita no prédio, que será realizada às 19h em 3 de junho, pela CasaCor, durante o BH Design Festival.

A superintendente do Iphan em Minas, Célia Corsino, explica que o Centro de Memória, que funcionará no espaço, será multiuso. “Não é só a parte de acervo. Toda a documentação da rede ferroviária, mapas e plantas das estações estarão lá. Fora isso, áreas como auditório, salas de exposição e multiuso para cursos e eventos”. 

Quem também vai ter espaço no museu é a Associação Mineira de Ferromodelismo, com miniaturas de maquetes representando linhas férreas. “Estamos desde 2012 para fazer esse centro de memória, mas sempre sem recursos. O prédio não está perdendo a função principal dele. Claro, ele não é mais a instituição (Rede Ferroviária), mas ele vai mostrar o que se passou nela, o que se vivenciou lá de forma interativa”, comentou. 

(Com Lucas Eduardo Soares e Bruno Inácio)

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