Primeiras ‘viagens’ pelo céu da capital completam um século

Henrique Ribeiro - Do Hoje em Dia
29/06/2012 às 08:49.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:11
 (Luiz Costa/Reprodução)

(Luiz Costa/Reprodução)

Em 1912, Belo Horizonte tinha apenas 38.822 habitantes e as linhas de bondes elétricos como principal meio de transporte. Aviões eram vistos apenas no cinema. Mas aquele ano reservava aos moradores uma surpresa que, do céu, pararia a nova capital.

Em março de 1912, o Yale Athletic Club, agremiação de futebol de BH entre 1910 e 1924, contratou o italiano Ernesto Umberto Giovanni Darioli para fazer as primeiras exibições aéreas da história da cidade e de Minas Gerais. De 21 de abril a 29 de junho, há exatos cem anos, o “intrépido aviador”, como Darioli era chamado, fez seis sobrevoos na capital.

A pista de terra, para pousos e decolagens, foi criada no Hipódromo Prado Mineiro. O espaço, que daria nome ao bairro Prado, na região Oeste, foi projetado por Aarão Reis, na planta original de BH, para as corridas de cavalo.

Com a decadência do turfe, o hipódromo, que hoje abriga a Academia da Polícia Militar, passou a ser usado para outras atividades, como jogos de futebol, exposições agropecuárias e pista para aviões. O primeiro aeroporto inaugurado em BH foi o Carlos Drummond de Andrade (da Pampulha), em 1933.

Os jornais de 1912 destacaram a mobilização dos belo-horizontinos para assistir à primeira apresentação de Darioli, na tarde de um domingo de “céu sem nuvens”. “Das 3 horas da tarde, por diante, não se encontrava, indo na linha do Prado, um único bonde que não estivesse repleto de famílias e cavalheiros. Automóveis achavam-se tomados”, noticiou o “Diário de Minas”.

 

Detalhe com foto da época mostra o Prado Mineiro, onde foi criada a pista de pouso (Foto: Luiz Costa/Reprodução)
 

A festa do segundo sobrevoo, em 25 de abril, quase virou tragédia. O monoplano modelo Blériot, fabricado na França e montado em BH, perdeu altitude devido aos fortes ventos e colidiu em um barranco.

Para atrair maior público, os ingressos tinham sido vendidos a “preços de todas as bolsas”. O avião ficou totalmente destruído, mas Darioli não se feriu gravemente.

Passado o susto, o italiano iniciou novo projeto: construir em BH outro avião, com mais estrutura que o Blériot, que o levasse ao Rio de Janeiro. Batizado de Bello Horizonte, o novo aparelho pesava 250 kg e tinha capacidade para carregar mais 150 kg. Tinha 8 m de comprimento por 8,75 m de largura. A hélice foi talhada em jequitibá por Palasi Giuseppe, a primeira construída no Brasil.

Darioli fez mais quatro exibições na cidade. Em 12 de junho, a gasolina do Bello Horizonte acabou em pleno voo e ele aterrissou a 300 metros da pista do Prado.

Em 16 de junho, o italiano cruzou BH, passando pelo bairro Funcionários e sobrevoando o Barreiro. Foram 15 minutos de voo a 450 metros de altura. Na última apresentação, em 29 de junho, a bilheteria foi revertida para a Santa Casa de Misericórdia.

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