Primos: acertos e riscos do casamento em família

Izabela Ventura - Hoje em Dia
19/05/2013 às 08:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:48

Valéria ama o marido e primo Ângelo, irmão de Fernando, que ama a esposa Sayonara, que é prima dele e irmã de Valéria. Essa história, que remete à poesia “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, é o enredo de um “casamento em família”. Essas relações parecem complicadas, mas os protagonistas garantem que, com uma dose de amor e compreensão, têm final feliz.

Os primos Sayonara Magalhães Nunes, de 44 anos, e Fernando José de Magalhães Roque, de 46, se casaram há 19 anos. Foram sete anos de namoro, com aval da família, que já desconfiava da paquera. “A aproximação foi natural”, contam.

As preocupações começaram quando surgiu a vontade ter um herdeiro. Quatro abortos e o risco de que filhos de parentes de 1º de grau possam ter doenças genéticas fizeram o casal procurar geneticistas.

De fato, segundo a especialista em genética e professora da Faculdade de Medicina da UFMG Regina Amélia Pessoa de Aguiar, o risco de filho de casamento consanguíneo ter doença genética é 3% ou 4% maior do que entre não parentes. Neste casos, a chance de a criança nascer com defeito congênito é de 1% a 2%. Também aumenta-se o risco de abortos ou morte do bebê na gravidez. Mesmo assim, Sayonara e Fernando tiveram Davi, um menino saudável, hoje com 8 anos.

União

Para Sayonara, oficial do Ministério Público, e Fernando, comerciante, a maior vantagem de se casar com o primo é que a família fica mais unida. “São laços muito fortes. Tivemos a mesma criação e nos conhecemos bem”, diz a mulher. Ela lembra, porém, o lado ruim: “No caso de separação, um dos dois tem que mudar de país. Não dá para se divorciar de parentes. Já pensou ficar se encontrando nas festas?”, brinca.

Outro casal da família compartilha essa opinião. A irmã de Sayonara, a representante comercial Valéria Magalhães Nunes, de 51 anos, se casou com o irmão de Fernando, o oficial judiciário Ângelo de Magalhães Roque, de 45 anos.

Eles são casados há um ano e namoraram por igual período, relacionamento que começou quando os quatro primos saíram juntos para a balada. Valéria destaca como lado bom do casamento em família “compartilhar” a sogra e amiga, Maria do Socorro, de 73 anos, com a irmã.

A sogra não estranhou o casamento entre os primos, porque a irmã dela também se casou com um primo de 1º grau. Já como desvantagem desse tipo de casamento, Valéria cita a perda da privacidade. “A família fica sabendo de tudo”, revela.

Valéria não conseguiu engravidar, o que, segundo médicos que consultou, nada tem a ver com os laços de sangue. “Trato meu sobrinho Davi como se fosse um filho ‘emprestado’”.
 
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