Profecia desagradável na histórica cidade de Congonhas

Hoje em Dia
06/03/2013 às 06:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:36

Continua a preocupar a situação em Congonhas, onde se encontram os 12 profetas do Aleijadinho, nosso mais destacado escultor barroco. A cidade recebeu da Unesco, em 1985, o título de Patrimônio Histórico da Humanidade. Mais que turistas, ultimamente, ela tem atraído grandes empresas mineradoras. Uma das atrações é a Serra Casa de Pedra, considerada monumento paisagístico da cidade, mas rica em minério de ferro.

A contrapor esse enorme interesse econômico ligado ao minério, está o da Copasa, empresa estatal controlada pelo governo de Minas, concessionária do abastecimento de água para essa cidade histórica de mais de 48 mil habitantes.

Como mostrou, na terça-feira (5), este jornal, com base em documento da Copasa, verifica-se há algum tempo, por causa da atividade mineradora, http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/minerac-o-ameaca-abastecimento-de-agua-alerta-copasa-1.97563. O superintendente de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da estatal, Tales Heliodoro Viana, que assina o documento, advertiu no ano passado, durante exposição aos vereadores, que existe relação direta entre retirada do minério e redução da capacidade dos mananciais.

Apesar disso, em dezembro do ano passado, a Câmara de Vereadores de Congonhas revogou parcialmente o tombamento feito em 2007 e permitiu que 15% dos morros do Engenho e do Pilar, na Serra Casa de Pedra, sejam explorados pela Namisa, empresa do Grupo CSN. Logo em seguida, a lei foi sancionada pelo prefeito, apesar dos protestos dos ambientalistas. Monumento natural, o Morro do Engenho se destaca também por suas 29 nascentes de água.

A Namisa vem extraindo minério nas cabeceiras dos córregos Engenho, Mãe D’Água e Bandeira, que formam os mananciais explorados pela Copasa, a quem o Instituto Mineiro de Gestão das Águas deu outorga para captar até 100 litros de água por segundo, suficientes para abastecer toda a cidade. Em 2010, a empresa mineradora foi responsabilizada pelo assoreamento de duas nascentes e, desde então, ela é obrigada a entregar água potável a 600 moradores do bairro Pires.

A Companhia Siderúrgica Nacional afirmou, em nota, que todos os processos da mineração Casa de Pedra “são licenciados, implementados e monitorados rigorosamente em acordo com a legislação ambiental, sob a supervisão direta dos órgãos ambientais”.

Portanto, a população de Congonhas sabe quais são os responsáveis, se vier a sofrer, não por ausência de profecias, com a falta de água.

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