Professores descobrem duas novas espécies de peixes no rio São Francisco

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
07/07/2016 às 18:52.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:12
 (Fundação Boticário/Divulgação)

(Fundação Boticário/Divulgação)

Pequenos e cheios de importância. Assim são o Bunocephalus hartii e o Bunocephalus minerim, as duas novas espécies de peixes-banjo descobertas no Norte do Estado por professores mineiros. Resultado de uma pesquisa iniciada em 2003, os novos peixes foram encontrados no fundo do rio São Francisco, vivendo em habitats arenosos e cobertos por folhas. 

Um dos integrantes da pesquisa, o professor da UFMG Carlos Mascarenhas Alves afirma que a descoberta “é uma indicação de que o rio São Francisco continua sendo um mosaico rico em fauna e flora”. A bacia sofre há anos com a degradação da mata ciliar que fica às margens dele. Em 2015, ele enfrentou a pior seca em um século.

“Esses peixes só são encontrados em regiões conservadas, o que indica a importância de se manter a proteção desses locais. O assoreamento que temos acompanhado ao longo dos anos prejudica diretamente, porque altera o solo arenoso, fundamental a essas duas espécies descobertas agora”, destaca o pesquisador. 

O “Velho Chico” nasce na Serra da Canastra em São Roque de Minas, região Centro-Oeste do Estado, e cruza cinco unidades federativas até desaguar em Alagoas, no Nordeste do país

Carlos diz ainda que a mineração, a agropecuária, o desmatamento e o despejo de esgoto não tratado têm contribuído para a diminuição da diversidade no “Velho Chico”. “O impacto dessas atividades tem resultado em perdas de habitats críticos para a ocorrência de espécies, para o desenvolvimento inicial após a reprodução, e mesmo para a manutenção da vida adulta dos peixes”, completa.

Preservação

Segundo o pesquisador, Minas Gerais tem, atualmente, quatro bacias ricas em espécies e com boas probabilidades de novas descobertas. Além do próprio São Francisco, destacam-se as bacias do rio Grande, Paranaíba e Paraíba do Sul. Carlos, porém, alerta para a necessidade de monitoramento da degradação em torno dos rios. 

O desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, região Central de Minas, em novembro do ano passado, por exemplo, é motivo de preocupação. Não houve tempo para resgatar peixes e anfíbios endêmicos (encontrados apenas em uma região específica) nos primeiros 300 quilômetros do rio Doce e a mortandade causada pela falta de oxigênio na água dizimou algumas das 71 espécies no local. Na época, pesquisadores classificaram a ocorrência como o “maior extermínio de peixes já registrado na América Latina”.

“O Estado precisa ser mais rigoroso no licenciamento e no monitoramento das barragens de mineração. O conhecimento dos seres aquáticos e o estudo do local onde eles vivem dependem da manutenção de condições ambientais o mais próximas possíveis do original”, argumenta Carlos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por