Professores municipais voltam a protestar em BH e mantêm greve

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
25/04/2018 às 14:15.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:31
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Professores da rede municipal de educação infantil de Belo Horizonte decidiram manter a greve por tempo indeterminado. A categoria realizou assembleia em frente à prefeitura, na tarde desta quarta-feira (23) e, por unanimidade, votou pela permanência do movimento, iniciado na última segunda-feira (23).

Do alto do carro de som, a proposta do Executivo para pôr fim à greve até o dia 3 de maio foi colocada em votação e recusada pelos docentes. Em coro, os manifestantes cantam palavras de ordem como: “Ô Kalil, cadê os meus três mil?”.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sind-Rede/BH) já havia sinalizado que paralisação não terminaria nesta quarta-feira. "A greve não acaba hoje, independente do que for conversado com o Kalil", garantiu Wanderson Rocha. A categoria pede a equiparação salarial com os professores do Ensino Fundamental.

A professora Delcimare Dayrell afirma que está disposta a ficar de greve “o tempo que for preciso” para que a classe consiga os reajustes exigidos. A docente Simone Brito, da Umei Maldonado, no Barreiro, trouxe o filho Henrique, de apenas 11 meses, para a manifestação. “A greve é muito necessária. Nós ganhamos um salário líquido de cerca de mil reais. Me pergunto se vale a pena ser professora”, diz.

O prefeito Alexandre Kalil irá receber representantes do Sind-Rede para tentar negociar o fim a greve.

Protesto

Centenas de professores estão reunidos nesta tarde na avenida Afonso Pena, em frente à PBH. Apenas a faixa SOS, destinada a ambulâncias, está liberada, no sentido Mangabeiras. 

Em solidariedade aos manifestantes agredidos pela PM na última segunda-feira, o Sind-UTE está distribuindo flores brancas no ato que acontece desde às 14h. Os manifestantes, que ainda se concentram na porta da PBH, se preparam para sair em caminhada até a Praça Sete.

A Polícia Militar e a Guarda Municipal já estão no local para evitar o fechamento total da avenida. O reflexo no trânsito já é nítido ao longo de toda avenida.

De acordo com o Sind-Rede, outras entidades integrarão o ato e o público esperado é de, pelo menos, três mil pessoas. Além dos profissionais da rede municipal, professores da rede particular, pais e alunos também estão presentes na manifestação. 

A PBH informou, por meio de nota, que está aberta para negociar com os grevistas. "De 2017 até agora, mais de 120 reuniões foram realizadas com categorias e entidades representativas de servidores, sendo cerca de 15 delas com a participação do Sindirede", informou, em nota.

Projeto de Lei

A melhoria salarial para os professores da educação infantil depende da aprovação do Projeto de Lei 442/2017, que tramita na Câmara Municipal, de acordo com o secretário Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis. 

Na proposta, os professores com nível superior poderão ganhar até 3 níveis na carreira e ter um ganho de até 15% no salário. De acordo com Reis, os valores médios pagos a professores com carga horária de 45 horas semanais atualmente são R$ 3.409,05, para ensino infantil, e R$ 7.522,39, para ensino fundamental. 

"É importante esclarecer que a equiparação salarial significaria quase dobrar o salario inicial, o que poderia dobrar as médias salariais acima expostas. Hoje, essa unificação custaria para o Município cerca de R$ 80 milhões por ano, demanda inviável diante do cenário econômico financeiro atual", frisou a prefeitura.

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