Profissionais procuram se descolar da ação de 'palhaços sinistros'

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
17/10/2016 às 20:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:16
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Preocupados com a repercussão negativa da ação de falsos palhaços que andam aterrorizando pessoas em locais desertos, profissionais do riso em Belo Horizonte temem ter o trabalho comparado ou mesmo limitado por conta do medo disseminado dentro e fora do país. 

Nos Estados Unidos, Canadá e em alguns países da Europa, têm crescido relatos de pessoas apavoradas após serem abordadas por “criaturas mascaradas”. A onda de medo chegou mais perto. Na última sexta-feira, em Uberaba (Triângulo Mineiro), um palhaço que ia para o trabalho caracterizado foi agredido dentro do ônibus por alguns passageiros. 

A Polícia Militar de Minas Gerais afirma que não foram relatados outros casos de agressão ou aparição de palhaços bizarros. O capitão Flávio Santiago, representante da corporação, pede a população cautela e tolerância ao deparar com situações estranhas envolvendo figuras vestidas de palhaço, “especialmente porque muitas pessoas trabalham interpretando o personagem”. E destaca que, nesses casos, os cidadãos devem acionar a PM para fazer a verificação.Lucas PratesATIVIDADE – O palhaço Diogo Dias procura dissociar as ‘pegadinhas de terror’ da profissão circense

Membro da Companhia Circunstância, o palhaço Diogo Dias – o Alegria Também – procura dissociar as “pegadinhas de terror” da atividade profissional circense. 

Colega de profissão, Rodrigo Robleño, o Viralata há 25 anos, membro da companhia Uniclown, é firme ao dizer que a série de aparições de palhaços assustadores, que teve início em agosto deste ano nos Estados Unidos, não representa a categoria. 

“Não são palhaços de verdade, são pessoas vestidas de palhaços e se aproveitando dessa figura para assustar os outros. Vestir um jaleco, por exemplo, não torna ninguém médico”. 

Diariamente, Adriana Morales encarna Benedita Jacarandá, a palhaça do Grupo Trampulim, para divertir crianças e adultos em seus espetáculos. Para ela, a função social deste personagem milenar é “aguçar sentimentos como alegria, esperança e brincadeira no ser humano”. 

Violência, no entanto, não combina com um palhaço, frisa a profissional. “Há pessoas pegando características como essas para praticar o mal. O palhaço de verdade tem o poder de trazer o riso para as pessoas, de transformar. Situação normal seria se esse palhaço corresse atrás do público para entregar uma flor, não para aterrorizar”.

Veja vídeo:

 

Agressão recriminada

Para Diogo Dias, membro da Companhia Circunstância, a violência praticada contra o palhaço em Uberaba é um sinal de intolerância da sociedade. Ainda assim, o ator defende que a agressão ocorrida não deve ser vista como uma regra ou uma situação recorrente. “Precisamos entender a distinção dessas pessoas, para não sermos injustos com quem está fazendo um trabalho bacana e honesto. O palhaço que apanhou não anula a experiência de todas as pessoas que saíram para trabalhar, para se apresentar e ganharam um abraço apertado de uma criança”.

Youtuber grava suposta aparição

Em BH, um vídeo que mostra um suposto palhaço assustador no bairro Planalto foi gravado pela youtuber Camila Loures, de 21 anos, que tem mais de 1 milhão de inscritos no canal dela. O empresário da jovem, Júnio César, disse que ela se assustou com a situação e logo deixou o local. Ele afirma que Camila não foi capaz de identificar se o palhaço estava exercendo o ofício ou se era uma pessoa com intenção de pregar um susto nos moradores.

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