Programa oferece aulas a jovens carentes em escolas particulares

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
12/05/2015 às 06:15.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:59
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

Fábio Júnior, de 15 anos, aluno do primeiro ano do ensino médio do Colégio Marista Dom Silvério, precisou batalhar para chegar onde chegou. O acesso à escola particular só foi possível depois que ele foi selecionado por um programa de apoio à educação, há três anos.

Destaque pelas boas notas em sala de aula, ele foi um dos cinco escolhidos na escola pública em que estudava para concorrer a uma vaga no Bom Aluno – iniciativa privada criada em Curitiba e trazida para Belo Horizonte em 2002.

“O programa, além de agregar bagagem de conhecimento, ajuda na minha formação como pessoa”, avalia o estudante, que vem se preparando desde já para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que fará daqui a dois anos.

Oportunidade

Com sede no bairro Santa Efigênia, região Leste de BH, o Bom Aluno oferece, no contraturno escolar, aulas de reforço de português, matemática e inglês, desenvolvimento pessoal e hábitos de estudo, além de auxílios para transporte e alimentação, material didático e bolsas de estudo em escolas particulares conveniadas. Para participar, é preciso ser aluno da rede pública de ensino, ter bom desempenho e comprovar baixa renda.

Para Kelton Melo de Oliveira Fonseca, também de 15 anos, o programa foi o passaporte para o Colégio Santo Antônio. Aluno da rede pública de ensino desde a educação infantil, ele sentiu dificuldade para acompanhar os novos colegas no início, mas, hoje, já adaptado ao novo ritmo de ensino, mira o futuro.

“Se não fosse o programa, eu teria que passar no vestibular apenas com o conhecimento adquirido na escola. Agora, sei que vou ter muito mais bagagem”, diz ele, que planeja cursar matemática na capital mineira e, depois, design de games em São Paulo.

VENCEDOR – Rafael Mota, de 25 anos, passou quase metade da vida no programa, mas conseguiu se formar em engenharia (Foto: Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Adaptação

Com mais tempo de casa, Fernanda Fonseca de Andrade, de 17 anos, soma cinco deles no Bom Aluno. Decidida a cursar direito, ela tem aproveitado as aulas de redação para intensificar o preparo para prestar o Enem, no ano que vem. Atualmente, ela cursa o segundo ano do ensino médio no Coleguium e lembra que nem sempre foi fácil assimilar todas as novidades.

“No início, as mudanças foram muitas e intensas. Eu estava acostumada a ir apenas para a escola e passei a ter que ir também para o programa. Passava o dia todo fora”, relembra Fernanda, a única dos trigêmeos da família a conseguir ingressar no programa.

O processo seletivo deste ano, aberto até 23 de agosto, oferece 22 vagas; para participar, é preciso imprimir um formulário disponível no site www.bomalunobh.com.br, preencher observando todos os pré-requisitos e enviar pelos Correios

Após se formarem, estudantes mantêm vínculo com instituição

Para quem está do outro lado do Programa Bom Aluno, trabalhando para atender aos estudantes, a sensação é a de que a parceria nunca termina. De acordo com a gerente Daisy Costa Cruz Barros, o vínculo com os integrantes é mantido mesmo depois que eles se formam na faculdade e vão para o mercado de trabalho.

“Eles entram no sétimo ano (a seleção é feita ao longo do sexto) e ficam com a gente até terminar a faculdade. Na verdade, não saem nunca mais, porque sempre vão ser bons alunos e constantemente nos procuram”, afirma.

É o caso, por exemplo, do engenheiro eletricista Rafael Mota, de 25 anos. Quase metade da vida ele passou no programa e, hoje, começa a tocar o próprio negócio. “Nem acreditei muito quando me falaram, porque a gente sempre acha que é enganação essas ofertas de reforço gratuito”.

Passado o receio inicial, o que ficou para Rafael foi a sensação de dever cumprido após receber uma boa oportunidade. “O Bom Aluno não deixa que a questão financeira seja uma porta fechada em nossas vidas”, conclui.

Perspectiva

Em fase avançada do programa, o estudante do quarto período de Engenharia Elétrica Eduardo Francisco dos Santos, de 21 anos, passou a vislumbrar um futuro mais otimista depois de ingressar na iniciativa.

Antes, segundo ele, só era capaz de se imaginar concluindo, no máximo, o ensino médio. Agora, quer ir o mais longe possível. “Estou bem além do que eu imaginava, mas prefiro pensar que não existe o ‘se’, já que ele não existiu”.
 

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