Projeto ambiental prevê recuperação das bacias dos rio Velhas e Paraopeba

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
05/10/2016 às 19:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:07
 (Carlos Henrique/Arquivo Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Arquivo Hoje em Dia)

Responsáveis por grande parte do abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), as bacias dos rios das Velhas e Paraopeba serão alvo de um projeto de recuperação das áreas degradadas, o que poderá aumentar a captação de água para atender a uma população de cerca de 4 milhões de pessoas. Nos próximos meses, os responsáveis pela iniciativa irão mapear pontos das margens que podem ser recompostos e já fazem apelo para que interessados integrem o programa.

Lançada ontem na Grande BH pela organização internacional de conservação ambiental The Nature Conservancy (TNC), o projeto Coalização Cidades pela Água já atua em outras capitais e apresenta bons resultados. Em São Paulo, por exemplo, um estudo mostrou que a restauração de apenas 3% da área de florestas no entorno dos dois principais sistemas de abastecimento, o Cantareira e o Alto Tietê, ajudará a reduzir o assoreamento de rios e nascentes em até 50%.

De acordo com o gerente de Água da TNC, Samuel Barrêto, o passo agora na RMBH é identificar as localidades prioritárias na Grande BH, como áreas de cabeceira de rios, e de maior vulnerabilidade a erosões. “Iremos conversar com pequenos produtores, governo estadual, agentes municipais e da sociedade civil para vermos quem está disposto a recuperar essas áreas”.

Barrêto afirma que as ações de restauração e conservação serão feitas por meio de técnicas, como o manejo de práticas agrícolas, e melhoria de estradas rurais. “Ao passar por elas, muitos veículos acabam jogando terra para dentro dos rios, diminuindo a vida útil desses reservatórios. Precisamos mudar essa estrutura. Muitas vezes, se o produtor deixa de utilizar um trecho para a criação de gado, por exemplo, aquela área se recupera naturalmente dentro de algum tempo. Algumas técnicas, como a construção de pequenas barragens, evitam a erosão e facilitam a infiltração da água”, diz. 

Em Minas, o projeto está em fase inicial e será financiado por empresas do setor privado. Barrêto conta que a organização estuda a possibilidade de pagar os produtores rurais de áreas afetadas pelo serviço ambiental.

Medidas enérgicas

Coordenador do projeto Manuelzão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que busca a revitalização do rio das Velhas, Marcos Vinícius Poliano diz serem necessárias propostas mais enérgicas de mudanças no setor. “Toda iniciativa ambiental na área é bem-vinda, mas precisamos de políticas públicas nos termos legais para estabilizar os processos de degradação que temos hoje no Velhas. Não adianta só plantar meia dúzia de árvores e continuar amputando a Serra da Moeda como estamos fazendo”, diz.

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