
A região central de Belo Horizonte está cheia de córregos. Você não os vê, pois eles foram canalizados e cobertos. Um projeto quer ajudar a reforçar a memória desses corredores de água na capital mineira, com a implantação de 230 placas indicativas permanentes dentro do perímetro da avenida do Contorno.
Batizado de "Entre Rios e Ruas", a ação foi idealizada pela artista plástica e visual Isabela Prado. Desde o início do projeto, a belo-horizontina implantou 197 letreiros, mas precisou parar em março, por conta da pandemia de Covid-19. Porém, o projeto será retornado nesta semana, com toda a segurança no combate à doença.
As 33 placas faltantes serão instaladas nesta quinta (19) e sexta-feira (20), sinalizando o Córrego Mendonça, afluente do Córrego Acaba-Mundo, na região Centro-Sul da capital, entre os bairros Belvedere, Mangabeiras e Sion.
De acordo com Prado, que também é professora da Escola de Belas Artes da UFMG, o percurso a ser sinalizado nesta semana tem início na rua Levindo Lopes com avenida do Contorno, e segue pelas ruas Antônio de Albuquerque, Alagoas, Santa Rita Durão, e Pernambuco, até chegar na avenida Afonso Pena, próximo ao Palácio das Artes.
Nesta etapa, o processo terá o acompanhamento do curador do projeto, o historiador da arte Josué Mattos, que vem a Belo Horizonte especialmente para a ocasião. Todo o processo passa por registro de foto e vídeo e, numa próxima etapa, será publicado em livro.
Resgate
"A proposta é chamar a atenção sobre o que foi oculto e, de maneira poética e crítica, tentar desvelá-los, para repensar as formas de convívio do espaço urbano com o meio ambiente, a memória e o processo de urbanização da cidade", explicou a idealizadora do "Entre Rios e Ruas".
Segundo ela, o projeto ganha, também, uma dimensão social, pois ganha função de gerar reflexões sobre as relações de ocupação e apropriação que os cidadãos têm com BH.

Isabela Prado
O projeto
Inicialmente, o "Entre Rios e Ruas" mapeia três sub-bacias principais: Córrego da Serra, Córrego do Leitão e Córrego Acaba-Mundo, afluentes do Ribeirão Arrudas e que estão dentro do perímetro da avenida do Contorno.
"Belo Horizonte possui inúmeros córregos em todo seu território. O desejo é sinalizar toda a cidade, mas por uma limitação orçamentária, esta primeira fase do projeto identifica os córregos dentro do perímetro da Contorno, núcleo do planejamento original da cidade", afirmou Isabela Prado.
O projeto foi aprovado em edital da Política de Fomento à Cultura Municipal e conta com o patrocínio do BDMG e da Uni-BH. As placas de sinalização dos córregos são instaladas permanentemente nas mesmas balizas que carregam a sinalização de ruas e avenidas, tendo as mesmas especificações das placas de rua já existentes.
A intervenção permanente na cidade recebeu autorização da Subsecretaria de Planejamento Urbano para execução.