Projeto visa a aquisição de imóvel que descaracteriza os edifícios históricos Sulacap e Sulamérica

Raul Mariano
10/12/2018 às 21:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:29
 (josé caputo/divulgação)

(josé caputo/divulgação)

Os edifícios Sulacap e Sulamérica, no quarteirão formado pela avenida Afonso Pena, rua da Bahia e Tamoios, no hipercentro de Belo Horizonte, são alvo de um projeto de financiamento para a requalificação dos imóveis. Batizada de “Janela Aberta”, a iniciativa visa a arrecadar fundos para comprar e, em seguida, demolir o anexo comercial erguido no local na década de 1970. Segundo os idealizadores, a construção desfigurou os dois prédios históricos.

A proposta apoiada por arquitetos, urbanistas, professores e representantes da sociedade civil será apresentada oficialmente amanhã, em evento para convidados, no edifício Acaiaca, também no Centro da capital. A ideia é que, após a demolição, a Praça da Independência, que existia no espaço hoje ocupado pelo anexo, seja reconstruída.

Os valores necessários para a compra e obras de revitalização não foram divulgados. De acordo com os organizadores, o tombamento dos edifícios, aprovado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de BH, não contempla o anexo que deverá ser extinto. “É uma reivindicação antiga e muito importante para a cidade”, explica o arquiteto e professor da UFMG, Flávio Carsalade. “Todo o esforço está nascendo na sociedade civil. A ideia é que os recursos sejam arrecadados através de financiamento coletivo, e não com o poder público”, acrescenta. Riva MoreiraVulmar, que vende moedas antigas no local, não acredita que a iniciativa saia do papel

História

O comerciante de moedas antigas Vulmar Ferreira da Silva, de 70 anos, que há mais de três décadas trabalha no anexo que pode desaparecer, não acredita que a iniciativa saia do papel. Ele alega que os rumores sobre o fim da galeria, onde também funcionam lojas e lanchonetes, já circulam há mais de 20 anos. “É muito caro indenizar todo mundo e já tentaram fazer isso muitas vezes. Duvido que aconteça”, diz. 

Rodrigo e Ana Camargos, proprietários do restaurante Bem Natural, que há 25 anos funciona no edifício Sulamerica, afirmam que é difícil avaliar se a demolição trará benefícios. “Não é fácil medir o impacto disso, mas se a intervenção acontecer de fato, não acredito que seja em um curto prazo”, opina Rodrigo. Riva MoreiraRodrigo e Ana Camargos acreditam que, mesmo que demolição ocorra, vai demorar

Já Paulo Roberto Melasippo, proprietário da Casa do Médico, estabelecimento mais antigo do local, instalado no edifício Sulacap, é indiferente à medida. “Não muda nada para nós”, afirma. 

O vereador Gabriel Azevedo, responsável pelo projeto “Janela Aberta”, foi procurado, mas não se pronunciou até o fechamento desta edição. Os responsáveis pelo anexo comercial não foram localizados. As torres do Sulacap e do Sulamérica têm, cada, 15 andares e foram inauguradas há 70 anos.

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