Promessa de vida nova na Serra do Curral

Letícia Alves - Hoje em Dia
14/10/2015 às 06:44.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:02
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Devastada por décadas de exploração, a área da mina de Águas Claras, na Serra do Curral, ficará mais verde a partir de março do ano que vem. A previsão é a de que em cinco meses despontem as primeiras mudas das sementes plantadas para reflorestamento do chamado Morro do Patrimônio, exemplares da Mata Atlântica e do Cerrado mineiro. Após a recuperação, o local poderá ter destinação imobiliária.

A área está em uma região de grande pressão do mercado imobiliário, entre os municípios de Nova Lima e Belo Horizonte, próxima ao bairro Mangabeiras (Centro-Sul da capital). São mais de dois mil hectares, incluindo uma reserva mantida pela mineradora.

O reflorestamento foi iniciado em maio do ano passado pela Vale com o uso de tecnologia suíça inovadora. Foram instaladas telas de aço no topo do morro degradado. Foi a primeira vez que o método, comum na Europa para contenção de geleiras, é adotado para reflorestar uma área de mineração.

“Foi a forma encontrada para estabilizar o terreno sem mudar o perfil da serra. A tela já está lá com as sementes e a expectativa é a de que a área volte a ter vegetação em 2016”, afirma o gerente de meio ambiente da Vale, Rodrigo Dutra Amaral.

A previsão é a de que a área seja completamente recuperada em 2017. Em seguida, será definida a utilização do espaço. Em 2001, a mineradora chegou a anunciar a implantação de um empreendimento imobiliário de alto luxo, mas a definição foi adiada. Segundo Amaral, são avaliadas as possibilidades de uso residencial ou misto (moradia e comércio).

AMPLIAÇÃO DA RESERVA

Outra alternativa, não descartada pela mineradora, é incluir o entorno da mina à Mata do Jambreiro, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) mantida pela empresa. A área da mina está a poucos quilômetros do limite da reserva ambiental, que tem 912 hectares.

Uma das trilhas ecológicas da RPPN termina próximo à mina, o que reforça a possibilidade de inclusão da área à reserva. Há também estudos para que o espaço possa ser visitado, o que é proibido atualmente. A mina foi adquirida pela Vale em 2006. Antes, a região foi explorada para a retirada de minério de ferro pela MBR, até 2002, quando foi desativada.

CAVA ALAGADA

Com o fim das operações, uma enorme cava em forma de cone foi alagada por três córregos que deságuam no local. Hoje, tem aproximadamente 150 metros de profundidade.

A recuperação completa do local inclui a construção de um canal para escoamento da água para uma barragem. A intervenção vai evitar que a mina transborde.

Segundo a mineradora, atualmente são conservados 40 mil hectares no Quadrilátero Ferrífero, área 2,7 vezes maior do que a das operações da empresa, presente em 15 dos 35 municípios desta região de Minas Gerais. A Vale também mantém 15 reservas, que representam 13,2 mil hectares preservados.
Refúgio natural com ar puro muito próximo da capital
A borboleta azul e os líquens presentes na Mata do Jambreiro, Reserva Particular do Patrimônio Natural mantida pela mineradora Vale, indicam a boa qualidade do ar num refúgio natural a apenas 23 quilômetros de BH. Nessa terça (13) foram abertas as portas do local para a visitação pública.

Antes, era possível apenas agendar visitas em grupos de escolas e outras instituições, como explica a analista de meio ambiente Luana Paes. Com a mudança, qualquer pessoa pode conhecer a área de 912 hectares, o equivalente a cerca de mil de campos de futebol.

Localizada em Nova Lima, na Grande BH, a reserva mescla Mata Atlântica e o Cerrado mineiro. É possível encontrar espécies da flora ameaçadas de extinção, como a Samambaiaçu, comercializada como xaxim, raiz que serve de vaso para outras plantas.





RIOS E TRILHAS

Na área preservada passam dois córregos: o dos Carrapatos, que tem águas poluídas por condomínios residenciais, e o das Águas Claras, que é cristalino e tem nascente dentro da reserva.

O Águas Claras acompanha a trajetória de uma das principais trilhas do local, que leva o mesmo nome do córrego. O percurso é de 1,1 quilômetro com subidas íngremes e belas paisagens. Ao longo do caminho, o visitante conhece um pouco mais da história da reserva e as espécies que a habitam.

Embora seja apenas um pouco mais extensa, a trilha da Onça Parda, com 1,3 quilômetro, requer um pouco mais de esforço físico.

ESPAÇO EDUCACIONAL

A reserva abriga o Centro de Proteção e Educação Ambiental da Mata do Jambreiro (CPEA), criado pela mineradora. O espaço educacional já recebeu mais de 10 mil alunos de escolas da região, em visitas guiadas.
Além das trilhas ecológicas, os estudantes conhecem os diversos espaços criados para promoção de atividades de educação ambiental. Um deles é a Sala Verde, que conta com amostras de insetos, borboletas e sementes. Há também um jardim sensorial, que abriga plantas medicinais e ornamentais e um orquidário.

As visitas à reserva ambiental devem ser agendadas pelo telefone (31) 9663-5264. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, de 8h às 15h. São aceitos grupos de até 54 pessoas.

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