Protestos em Minas e no Espírito Santo marcam os cinco anos da tragédia de Mariana

Luiz Augusto Barros
luiz.junior@hojeemdia.com.br
05/11/2020 às 13:27.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:57
 (Letícia Oliveira e Aida Anacleto)

(Letícia Oliveira e Aida Anacleto)

Atingidos pela tragédia de Mariana foram às ruas nesta quinta-feira (5) protestar contra a demora na reparação pelo rompimento da barragem da Samarco, que completa cinco anos. Foram registradas manifestações em Bento Rodrigues e Acaiaca, na região Central de Minas, e em Linhares, no Espírito Santo. Atividades continuarão ao longo do dia. Após o desastre de 5 de novembro de 2015, 19 pessoas morreram, centenas perderam casas e milhares foram afetadas economicamente.  

Em Bento Rodrigues, manifestantes caminharam pela cidade e estenderam faixas cobrando a construção de um assentamento coletivo para as comunidades devastadas pela tragédia. 

Já em Acaiaca, houve um ato de entrega de mudas e jornais na MG-262. Os manifestantes  denunciaram a demora para a reparação no local após cinco anos do rompimento.

No Espírito Santo, moradores da Vila Regência, em Linhares, também pediram por justiça. O litoral capixaba também foi atingido pelos rejeitos da barragem por conta da contaminação da bacia do Rio Doce, que deságua na região.

Os protestos foram organizados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em parceria com o Fórum Permanente da Bacia do Rio Doce, a Comissão de Meio Ambiente da Província Eclesiástica, o Cáritas Minas Gerais e a Escola Família Agrícola Paulo Freire.

Em nota, o MAB repudiou a demora na reparação às comunidades, “A impunidade é evidente. Na região, o lucro foi colocado acima da vida. O crime se ‘renova’ cotidianamente nos locais por onde passa a lama de injustiças. São cinco anos sem reparação adequada dos direitos das famílias que foram atingidas ao longo da bacia do rio Doce e litoral capixaba”, publicou o Mobimento.

Segundo o movimento, dos cerca de 95 mil cadastros e solicitações, apenas 19 mil pessoas recebem o auxílio financeiro emergencial. 

Protestos continuam

À tarde, as manifestações pelos cinco anos da barragem da Samarco continuarão. Às 15h, haverá uma caminhada em Gesteira, Barra Longa. Às 16h30, em Mariana, ato cultural em memória das vítimas com apresentação de artistas populares e lançamento do livro “Nosso Trem é Outro”. Depois, às 18h30, na Praça Minas Gerais, no centro histórico da cidade, haverá projeção que lembrará da tragédia de 2015.

O que diz a empresa

A Samarco reforçou estar comprometida com a reparação, destacando investimentos e indenizações, além de colaborar com a Justiça. A mineradora é controlada por Vale e BHP, que também se manifestaram sobre o compromisso com a reparação de danos. 

Íntegra do posicionamento da Samarco

“Os impactos causados pelo rompimento da barragem de Fundão nunca serão esquecidos pela Samarco. A empresa reafirma, mais uma vez, o compromisso com as ações de reparação e remediação executadas pela Fundação Renova. Até setembro de 2020, foram destinados pela Samarco e suas acionistas mais de R$ 10 bilhões para as medidas que estão sendo conduzidas pela Renova, entidade autônoma e independente criada por meio do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) firmado em março de 2016.

A Samarco ressalta a complexidade das ações que estão sendo executadas pela Fundação Renova, como as compensações financeiras, recuperação da flora e fauna, além dos processos de reassentamentos que contam com a participação direta dos atingidos e do poder público em todas as etapas e são acompanhados pelo Ministério Público de Minas Gerais.

Ação judicialA Samarco reafirma que sempre colaborou com a Justiça, repassando todas as informações solicitadas pelas autoridades, e que não tinha conhecimento prévio de risco de ruptura da barragem de Fundão”.

Íntegra do posicionamento da Vale

A Vale, como acionista da Samarco, reforça o compromisso com a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, prestando todo o suporte à Fundação Renova, responsável por executar os programas de reparação e compensação das áreas e comunidades atingidas. Esses programas receberam, até agora, mais de R$ 10 bilhões. A Vale informa ainda que observa os procedimentos legais e respeita todos os acordos firmados entre as Partes, no curso do Processo Judicial.

Íntegra do posicionamento da BHP

BHP está absolutamente comprometida com as ações de reparação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão e com o trabalho desenvolvido pela Fundação Renova no avanço dos programas sob sua responsabilidade. Até setembro deste ano, a Renova já desembolsou R$ 10,1 bilhões nos programas de remediação e compensação. Dentre as ações, repassou mais de R$ 830 milhões para investimentos em educação, saúde e infraestrutura em cidades da bacia do Rio Doce e ainda pagou, até agosto de 2020, cerca de R$ 2,6 bilhões em indenizações e auxílios-financeiro emergenciais a mais de 321 mil pessoas. Até mesmo os trabalhadores informais, com dificuldades para comprovar como foram atingidos, começaram a ser pagos: desde agosto deste ano, mais de 500 trabalhadores dessas categorias receberam suas indenizações e quase 6.000 informais se registraram para terem suas demandas analisadas pela Fundação.  

O processo de reassentamento das comunidades atingidas pela barragem de Fundão envolvem a construção de verdadeiras cidades em áreas anteriormente rurais. Em todas as etapas desse processo a comunidade está envolvida, junto com as assessorias técnicas e o Ministério Público: desde a escolha do terreno, até o projeto das casas e equipamentos públicos. Cada casa possui um projeto único, construído conjuntamente com as famílias. Em função da pandemia da Covid-19, a Fundação Renova precisou implantar medidas sanitárias de combate ao novo coronavírus, em atendimento às legislações estadual e municipal. Até o agosto de 2020, R$ 921 milhões já foram desembolsados para a construção dos reassentamentos.

Confira galeria com imagens dos protestos:

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