Punição mais cara faz número de multas aplicadas reduzir cinco vezes em BH

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
08/01/2018 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:37
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

O encarecimento das multas por excesso de velocidade em até 53%, ocorrido em novembro de 2016, fez com que os motoristas da capital colocassem o pé no freio. As 159.218 multas aplicadas de janeiro a outubro de 2017 em Belo Horizonte são cinco vezes menores do que as 854.941 registradas no mesmo período de 2016, de acordo com dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG).

Antes da mudança, quem ultrapassava a velocidade em até 20% pagava R$ 85,13; de 20% a 50%, o desembolso era de R$ 127,69; e acima de 50%, R$ 574,62. Depois, os valores das multas pularam para R$ 130,16, R$ 195,23 e R$ 880,41, respectivamente. 

“Se o valor da multa for baixo e poucas pessoas perderem a carteira, a lei não faz efeito. Por isso, a mudança foi fundamental no processo de redução dos infratores”, afirma o especialista em transporte e trânsito, Márcio Aguiar. 

O trânsito em velocidade superior à máxima permitida em 20% foi a infração mais cometida nas ruas de BH. Foram 148.073 em dez meses. Outros 10.391 condutores fora da lei foram descobertos ao avançar a aceleração ideal entre 20% e 50%. Os casos mais extremos, de ultrapassar os 50%, flagrados em 754 ocasiões. 

Riscos

Os números preocupam por causa dos riscos. “A velocidade é o principal fator para agravar um acidente. A maior parte das ocorrências graves e fatais aconteceram em um contexto de altas acelerações”, observa a coordenadora do Projeto Vida no Trânsito da BHTrans, Jussara Dellavinha. 

Segundo ela, os motociclistas têm sido as principais vítimas no trânsito de Belo Horizonte, com uma média de 25 acidentados por dia. “E nesse número estão apenas os casos com feridos, que geram boletins de ocorrência. A imprudência e as altas velocidades estão matando gente nas ruas de BH”, diz. O Detran-MG não se pronunciou sobre os dados.

Causas

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), David Duarte Lima, a redução pode estar associada ao desligamento de radares em alguns trechos da cidade. 

Segundo a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), os 106 radares instalados na capital estiveram em processo de manutenção e troca ao longo do ano. Durante o processo, parte deles ficou em desuso por alguns dias, mas não há uma estimativa do intervalo de tempo das ocorrências.

Comportamento

Em seis pontos da capital, a BHTrans instalou radares testes escondidos a uma distância de 200 metros dos equipamentos em funcionamento. O objetivo é saber como os motoristas se comportam. 

Por enquanto, a conclusão é a de que 23,3% dos carros já estão com velocidade acima da permitida mesmo que nessa distância relativamente curta. Entre os motociclistas, o percentual sobe para 34,5%. 

“Os motoristas decoram onde estão os radares e, mesmo que sigam durante boa parte do percurso em alta velocidade, freiam para passar no equipamento”, coloca David Duarte Lima, presidente do IST. Editoria de Arte / N/A

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