Quadrilha é presa por invadir contas bancárias para pagamento de IPVA com falso desconto

Simon Nascimento
02/07/2019 às 13:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:21
 (Simon Nascimento)

(Simon Nascimento)

Seis pessoas foram presas suspeitas de integrarem uma quadrilha que invadia contas bancárias para pagamento de taxas do IPVA e outros débitos públicos. De acordo com a Polícia Civil, os boletos eram de clientes angariados pelos criminosos por meio de fraudes eletrônicas. O grupo também realizava abordagens presenciais, em que os integrantes se passavam por amigos de funcionários da Secretaria de Estado e Fazenda.

Eles usavam a justificativa de que as contas seriam pagas com 30% de desconto, oriundos de benefícios fiscais da pasta. Conforme a delegada Sinara Rocha, a organização era chefiada por um hacker, de 32 anos, que já havia sido preso em 2002 por estelionato. Um outro homem apontado como chefe do grupo é um motorista da Prefeitura de Betim, de 33 anos.

Os criminosos começaram a ser investigados no início do ano passado, quando um banco denunciou que clientes tiveram contas invadidas. À época, a informação era de que eles movimentaram R$ 90 mil. “Onze clientes da quadrilha foram localizados e informaram que foram atraídos por um benefício fiscal que estava sendo oferecido pela Secretaria da Fazenda”, disse a delegada.

Segundo ela, os clientes repassavam aos criminosos 70% do valor total do boleto. “O grupo criminoso, através do hacker, fazia o pagamento do valor total do boleto, mas usando o dinheiro da conta corrente de uma terceira pessoa de boa fé que foi invadida”, acrescentou. 

A delegada não soube precisar o período de atuação da quadrilha. Entretanto, a corporação acredita que os crimes são praticados desde 2002, período em que o hacker foi preso. “Eles atuam há bastante tempo. Por enquanto, temos indícios de que a atuação tenha sido só em Belo Horizonte. O público-alvo eram pessoas que estavam em grupos de compra e venda de veículos, além de vendedores de automóveis", informou a delegada.

Além dos presos, seis carros de luxo, como BMW e Porshe, foram apreendidos em mansões. Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos em Juatuba, Sarzedo, Betim, BH e Contagem. Os carros deverão ser usados para ressarcir as vítimas do golpe, garantiu Sinara.

Conforme as investigações, um dos mecanismos utilizados pela quadrilha era o de envio de e-mails, como se os membros fossem funcionários de instituições financeiras, solicitando alteração de dados cadastrais. Um link era gerado às pessoas. Ao clicar, o hacker conseguia obter os dados bancários para invadir as contas. 

Aos policiais, ele disse que utilizava um software que impedia o envio da localização do computador usado por ele. Entretanto, em determinado momento da investigação o programa foi desativado, permitindo assim a localização do criminoso. 

“A princípio, temos identificado o crime de violação de dispositivo eletrônico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Eles estão presos temporariamente, mas provavelmente haverá conversão em prisão preventiva”, finalizou a delegada. As pessoas que contrataram o serviço também podem ser presas pelos mesmos delitos, caso a Polícia Civil identifique que elas tinham ciência de que estavam participando de um golpe. 

A prefeitura de Betim informou, por nota, que "não há registro de servidor ou colaborador terceirizado nos quadros do setor da Superintendência de Transporte, com o nome citado".

A Secretaria de Estado de Fazenda informou, também por nota, que os únicos descontos em impostos e taxas "são aqueles previstos na legislação tributária, e vale frisar que nenhum servidor público tem autonomia para conceder benefícios além dos já previstos". O órgão ressaltou que, no próprio site, é possível consultar os valores devidos e emitir guias para pagamento "sem a necessidade de intermediários".

Também por meio de nota, a Federação Brasileira dos Bancos disse que as instituições bancárias investem anualmente cerca de R$ 2 bilhões em sistemas de tecnologia voltados à segurança da informação. “A Febraban recomenda que a população mantenha atitude de permanente alerta, em especial em relação a mensagens de origem duvidosa, com arquivos anexados ou indicação de links para acesso. Também deve desconfiar de qualquer oferta ou proposta muito vantajosa, pois certamente é uma tentativa de obter dados para uma fraude”, diz o comunicado.

Recomendação 

Um dos delegados responsáveis pela investigação, Francisco Abelha alertou que a população não deve clicar em links suspeitos. Segundo ele, em grande parte dos crimes digitais, os bandidos conseguem ter acesso aos dados dos usuários por meio de falsas correspondências eletrônicas. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por