Quarentena aumenta risco de acidente envolvendo criança que engoliu objetos

Anderson Rocha
@rochaandis
06/09/2020 às 21:20.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:28
 (Pixabay)

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Um a cada quatro socorros prestados na urgência pediátrica do Hospital João XXIII, em BH, é a crianças que engoliram objetos. Até agosto deste ano, mais de 1.300 menores de 12 anos foram levados à unidade referência nesse atendimento após acidentes com brinquedos, pilhas, botões de camisas e outros materiais.

A maioria dos casos ocorre dentro de casa, o que reforça o alerta devido ao isolamento social. Manter a supervisão constante dos filhos é primordial. Porém, sem as escolas, meninos e meninas ficam mais tempo em casa e, aliado a isso, o risco aumenta mesmo quando os pais estão por lá, pois muitos trabalham agora no modelo home office.

Quando o acidente doméstico acontece, a recomendação é agir rápido, levando a criança até uma unidade de saúde. “Não se deve dar leite ou tentar fazer a criança vomitar. Nem tentar tirar o objeto, pois ao enfiar a mão, acaba por empurrar ele mais para dentro”, explica o coordenador de pediatria do João XXIII, André Marinho.

Situação comum e a que mais preocupa, reforça o médico, é quando o acidente envolve baterias de aparelhos, como as de relógios ou brinquedos. O especialista lembra que, quando engolidas, essas pilhas queimam o esôfago. “São os casos mais perigosos. Às vezes, a mãe acha que a criança engoliu uma moeda, mas é uma bateria circular. Aquilo fica preso e queima tudo por dentro”, informou Marinho.

O que fazer?

O especialista pondera que o longo período em casa, devido à pandemia, parece ter deixado as crianças mais agitadas, com propensão para que situações corriqueiras se transformassem em armadilhas. “O confinamento não foi um fator protetor como poderíamos esperar”, afirmou.

Mais do que supervisionar a garotada, o diálogo, explicando os riscos, é fundamental. “É preciso investir em práticas e ambientes seguros, rotinas de cuidado. Conhecer o perigo e orientar as crianças é tão fundamental quanto o acompanhamento das imunizações, da alimentação e do crescimento”, completou.

A retirada dos objetos depende de cada caso. Muitas vezes, o próprio organismo é capaz de expelir. Porém, há outros em que é dada anestesia para retirada com a ajuda de uma pinça por via respiratória, ou mesmo a endoscopia.

Além dos acidentes envolvendo quem engoliu objetos, outros casos frequentes na urgência pediátrica do hospital são os de quedas, picada por animais peçonhentos, intoxicações e queimaduras.

Casos de crianças que engoliram moedas são comuns nas unidades de saúde; risco aumentou

Atendimento em queda

O número de atendimentos a acidentes em crianças e jovens de até 19 anos caiu no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII neste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado (janeiro a agosto). Em 2019 foram 9.439 casos, contra 7.217. Apesar disso, o recuo poderia ter sido maior, na opinião do chefe da pediatria. 

“O confinamento não diminuiu expressivamente o número de acidentes. A gente imaginava uma queda muito maior. Se você avaliar a queda que foi registrada em todos os hospitais, públicos e particulares, não foi acentuada”, afirmou.

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