Queimadas em unidades de conservação e no entorno delas crescem em Minas

Malú Damázio
04/09/2019 às 20:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:25
 (Corpo de Bombeiros/Divulgação)

(Corpo de Bombeiros/Divulgação)

Em menos de dois meses, a destruição causada por incêndios nas unidades estaduais de conservação e no entorno delas mais que dobrou em Minas. Só entre julho e agosto, o total de hectares que virou cinzas saltou de 1,4 mil para 3,3 mil. O Instituto Estadual de Florestas (IEF) diz que os dados estão abaixo da média histórica. No entanto, a temporada de seca, em que as queimadas são mais comuns, se intensifica a partir de setembro.

Não raro, o fogo nas imediações dos parques chega às áreas de preservação, como observa o tenente Sandro Júnior, do Corpo de Bombeiros. “Já era esperado um aumento significativo por conta do período de estiagem, mas 2019 traz um cenário preocupante, porque há locais em que o fogo se alastra facilmente, como na Serra do Rola Moça”. No espaço protegido da Grande BH, já foram 57 ocorrências.

Ações

Para evitar que as chamas se espalhem, o tenente reforça que é preciso realizar o aceiro da vegetação. A técnica, em que faixas de 2 a 3 metros de mata são eliminadas, divide o solo em quadrantes. Caso um deles seja atingido, o incêndio não alcançará os espaços ao redor. Segundo Júnior, os funcionários dos 38 parques geridos pelo IEF recebem treinamentos específicos. “Isso reduz bastante o impacto”, diz.

Capacitar moradores das regiões próximas e empregá-los em funções dentro das unidades é outra medida que, conforme a superintendente da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, pode ajudar. “O envolvimento das comunidades, além de gerar trabalho, faz com que elas se apropriem daquele espaço, conheçam e saibam da importância dele”, afirma. 

Até o momento, 338 incêndios foram registrados nas áreas verdes protegidas e próximo a elas

Os especialistas ainda frisam que, embora algumas queimadas possam ter causas naturais, a maior parte é provocada por ação humana, proposital ou não. “Uma boa parcela dos incêndios é causada por fogos de artifício, limpeza de terrenos, sejam os de plantação ou aqueles lotes vagos com sujeira. Além disso, existem os incendiários de plantão, que atuam intencionalmente e nós não entendemos o porquê”, acrescenta Maria Dalce. 

Novos passos

Diretor de Áreas Protegidas do IEF, Cláudio Castro reforça que o aumento das queimadas já era esperado para setembro e outubro. Ele garante que a temporada, até o momento, não fugiu da média registrada anteriormente. “As ocorrências recentes não indicam que estamos tendo ou teremos um período pior do que nos últimos anos”.

Para 2020, explica Castro, o manejo integrado deverá ser a aposta do instituto para tentar reduzir mais as áreas queimadas. “A prática consiste em utilizar o próprio fogo como estratégia de redução do combustível para os incêndios. Assim, é possível acabar com áreas de mata seca que poderiam criar grandes queimadas durante a época mais crítica. Então, caso aconteça, o incêndio terá proporções muito menores”, diz. 

(Colaborou Raul Mariano)

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