Quem trabalha no transporte público teme contaminação pelo novo coronavírus

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br
09/04/2020 às 21:58.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:14
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)


Trabalhadores do transporte público também temem ser contaminados pela Covid-19. Apesar das recomendações de lavar as mãos antes de iniciar as viagens e após o fim delas, motoristas reivindicam mais proteção.

“Nem todo mundo recebeu álcool em gel, eu, pelo menos, não. E pego dinheiro do usuário, dou troco. Se eu não correr atrás, como vou ficar longe desse vírus?”, questiona condutor de uma linha que liga a região de Venda Nova ao Centro da capital e que pediu para não ser identificado.

Também sem máscara, ele contou que um colega chegou a comprar o acessório do próprio bolso. “Todos estamos com medo”.

O ideal é que quem precisa trabalhar mantenha distância de dois metros das pessoas e higienize corretamente as mãos e superfícies como mesas e cadeiras, destaca o infectologista Estevão Urbano, da Unimed-BH. “E quem adoece, obviamente, não deve trabalhar de forma alguma”.

Sobre as máscaras, o especialista, que integra o comitê de enfrentamento à pandemia criado em 17 de março na capital, afirma que o uso deve ser feito com cautela. “É muito indicado quando na proximidade, quando se está numa distância pequena, principalmente se alguém está tossindo em volta, mas mesmo quando não há ninguém aparentemente assintomático”, frisa.

Quem não estiver encontrando o acessório tem a de pano como alternativa. “Serve de barreira para reduzir a disseminação do vírus, não para proteger contra a infecção a pessoa que a está usando”, pondera Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O médico diz que o modelo pode ser usado, desde que se tenha mais de uma para trocar no período de serviço, com as devidas orientações. “São de uso individual e não devem ser compartilhadas. O uso da máscara não é suficiente, sem outras medidas preventivas, como distanciamento físico, evitar tocar olhos, nariz e boca, higienizar frequentemente as mãos com água e sabão ou, quando não disponível, álcool gel a 70%”, observa.

Retornos
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) diz que os profissionais são orientados a lavar as mãos sempre que iniciam e terminam as viagens. Além disso, os ônibus passam por limpeza entre as viagens.

Já o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informou que afastou das atividades os colaboradores que fazem parte do grupo de risco. Para os funcionários que continuam trabalhando, as empresas têm oferecido álcool em gel. 

“O Sintram negocia a aquisição de máscaras para todos os funcionários que lidam com o público”, destacou a entidade, em nota.

Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que material de proteção individual sempre foi fornecido aos militares que atuam nas ruas, mesmo antes da pandemia. Já o efetivo que trabalha administrativamente está cumprindo o expediente preferencialmente em home office

Além disso

Em nota, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou ter recomendado às terceirizadas a lavagem diária dos uniformes dos garis e disponibilização de álcool gel nos caminhões para os funcionários. “No começo da jornada de trabalho, os garis estão se dirigindo diretamente aos pontos de início da coleta nos bairros. Dessa forma, eles não estão se encontrando mais nas sedes das empresas ou sendo transportados em vans ou cabines de caminhão, para evitar aglomerações. A mesma situação ocorre com os garis de varrição”. Ainda conforme a nota, os trabalhadores da limpeza urbana estão usando luvas, máscaras, bonés e botas.

Sobre os guardas municipais, agentes da BHTrans e motoristas, a PBH disse que receberam máscaras e álcool em gel e estão orientados a fazer uso desses materiais. 

A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) disse, em nota, que até 6 de abril não havia a recomendação para uso de máscaras por pessoas saudáveis pelo Ministério da Saúde – o que foi orientado neste dia. “Serão reforçadas com as empresas contratadas as diretrizes de confecção e uso dessas máscaras caseiras”. Outras recomendações sobre proteção dos funcionários foram repassadas aos terceirizados, destacou o órgão.

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