Questionário da UFMG ajuda a detectar vício em smartphone; resolva as questões

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
30/05/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:46

O smartphone já está totalmente integrado ao cotidiano das pessoas, mas para uma parcela significativa delas o uso é patológico e requer tratamento.

Pensando nisso e na falta de critérios para se identificar esse tipo de dependência – tão cruel quanto o alcoolismo, conforme especialistas –, pesquisadores e estudantes de medicina e psicologia do Centro Regional de Referência em Drogas da UFMG criaram um questionário capaz de sinalizar a possibilidade de vício.

São 26 questões simples baseadas no que já vem sendo feito em outros países. Aqueles que respondem “sim” para pelo menos sete delas devem procurar um psicólogo ou psiquiatra, já que, nesses casos, são grandes as chances de terem desenvolvido um quadro de nomofobia, que é a dependência de utilização de internet móvel. 

Segundo a psiquiatra Júlia Machado Khoury, uma das coordenadoras da pesquisa, a doença tem vários sintomas em comum com a dependência química.

“Alguns estímulos causados pelos smartphones no cérebro são semelhantes aos das drogas. As pessoas têm abstinências da mesma forma quando ficam sem drogas e sem o aparelho mobile”, explica. 

Dentre os sintomas estão, por exemplo, irritabilidade, mau humor e sensação de prazer quando expostos ao uso. O abandono de outras atividades e relacionamentos em função do tempo gasto teclando é outra característica que aproxima esses dependentes dos usuários compulsivos de drogas.

O transtorno é mais comum em adolescentes e universitários e pode comprometer o sono, a concentração e a aprendizagem

Mais novos

A frequência com que isso ocorre entre os jovens assusta. O questionário foi aplicado entre 415 estudantes da UFMG e 43% deles apresentaram predisposição à dependência. 

Dentre essas pessoas, a maior parte (94,9%) é solteira e tem renda familiar mensal superior a três salários mínimos (56%). A situação se mostrou mais comum entre as mulheres, com representatividade de 55% do total de alunos com a tendência. 

O próximo passo será a ampliação da pesquisa para fora dos muros da universidade. Assim, será possível ter um retrato mais fiel dessa realidade. Mas os primeiros números já assustam e indicam que a dependência é uma questão a ser combatida agora.

Tratamento

O problema maior é que, por ser uma doença relativamente nova, os tratamentos ainda estão em descoberta. De acordo com a coordenadora do curso de psicologia da Una, Camila Fardini, o trabalho feito atualmente é similar ao realizado com dependentes químicos.

“No início, propomos que a pessoa fique sem o celular por um período. Dependendo do grau de ansiedade causado pela abstinência, entramos com medicamentos”, afirma. 

Enquanto a medicina tenta combater o quadro, profissionais que se ocupam de criar aplicativos estudam formas de “fisgar” usuários.

“Nós que estamos desenvolvendo, queremos que as pessoas fiquem 24 horas por dia conectadas. Pensamos no que poderia trazer prazer para elas”, afirma o professor da Una que também faz conceitos de usabilidade para mobile, Rui Otoniel. 

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