(Flávio Tavares)
Mesmo com a contínua contaminação da Lagoa da Pampulha, por esgoto e lixo trazidos pelos córregos que a abastecem – como o Hoje em Dia mostrou ontem –, a prefeitura de BH, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), deu ordem de serviço para obras de despoluição do espelho d’água, no valor de R$ 30 milhões. A autorização foi assinada em 28 de dezembro, mas o trabalho deve ser iniciado em fevereiro do ano que vem.
As intervenções serão executadas pelo Consórcio Pampulha Viva, selecionado por meio de processo licitatório, que tem prazo de 22 meses para concretizar a ação. A tecnologia que será utilizada vai “reequilibrar o ambiente aquático através da oxidação da matéria orgânica”, explica, em nota, a Sudecap.
Para o médico, ecologista e idealizador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, esse tipo de trabalho não atua no principal problema da lagoa. “Mais uma vez vão enxugar gelo. É preciso zerar o esgoto que cai na Pampulha, instalando coletores em seu entorno e nos afluentes, além de interceptores, que impeçam que esses dejetos cheguem. Depois levar essa água suja para ser tratada na Ete Onça”, defendeu.
De acordo com Apolo, historicamente as ações que têm sido adotadas na lagoa não passam de “maquiagem”. “É um projeto eleitoreiro. Depois que o esgoto cai na água, fica muito mais caro despoluir e não dá o resultado esperado, porque continua chegando lixo e sedimento. É um desperdício de dinheiro dos nossos impostos. Por isso que aumentam o IPTU e não adianta nada”, critica.
Outro lado
Segundo a nota da Sudecap, “a Copasa vem viabilizando a execução das obras de implantação/complementação das infraestruturas de esgotamento sanitário na bacia hidrográfica, atuando ainda em parceria com os municípios de Belo Horizonte e Contagem, no sentido de identificar e efetivar potenciais ligações domiciliares ao sistema, além da eliminação de ligações clandestinas de esgotos à drenagem”.
Ainda de acordo com o superintendência, “conforme compromissos assumidos pela Copasa, serão alcançados, respectivamente em junho e dezembro de 2016, níveis de cobertura por coleta e interceptação de esgotos sanitários na bacia da Lagoa da Pampulha, de 90% e 95%”.