Recém-lançado, portal dá alento para mães de crianças com Síndrome de Down

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
21/08/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:09
 (Leo Azevedo/Divulgação)

(Leo Azevedo/Divulgação)

A descoberta de que o filho tem Síndrome de Down, seja na gravidez ou logo após o parto, tira o chão de muitos pais. Reflexo, em alguns casos, do desconhecimento sobre a alteração genética e até mesmo de preconceito sobre o tema. Na tentativa de mudar essa realidade, foi lançado o portal Chat21 (Central Humanizada de Acolhimento T21). A ferramenta coloca novos pais em contato com os já experientes para troca de informações. Um alento gratuito que pode mudar vidas. 

“Nossa ideia é acolher pela experiência porque percebemos que a maior dificuldade ao se receber o diagnóstico está na forma como é dada a notícia e por quem. A falta de informações traz um certo desespero. Várias pessoas dizem que vai ficar tudo bem mas nós só acreditamos quando ouvimos de uma mãe ou de um pai que viveram a mesma experiência”, afirma a idealizadora do projeto, Gabriela Laborda, que conta com o apoio do Movimento Down. 

Ela tem uma filha de dois anos com a alteração genética e se lembra bem do quanto o contato com outras mães foi importante após o diagnóstico. “Sentia-me perdida e nada que me falavam adiantava. Até que conheci uma mãe com um filho com Síndrome de Down. Ela me orientou e me fortaleceu”, conta. 

O portal foi lançado no dia 15 deste mês e, do total de acessos, 10% tornaram-se atendimentos efetivos. Quem acessa a plataforma conecta-se a uma rede de acolhimento. Os contatos são feitos via WhatsApp e por e-mail, de 10h às 12h e de 14h às 18h30. 

Apesar de o chat ter nascido com o objetivo de amparar gestantes e mães de recém-nascidos, a ideia é também orientar pais de crianças maiores

Disponibilidade

O projeto já nasce com 55 acolhedores espalhados por 15 estados. Em Minas Gerais, onde sete voluntários estão disponíveis no chat, o principal apoiador é o Minas Down. 

A entidade já faz esse trabalho de acolhimento por voluntários, principalmente em Belo Horizonte e região metropolitana, desde 2015. No entanto, com o portal, as barreiras da distância são eliminadas. Lucas Prates / N/A

Isamara de Oliveira com o filho João

“Nós chegamos até as pessoas por indicações de profissionais ou conhecidos, fazemos visitas às maternidades, ligamos, tentamos nos conectar com os pais para tentar ajudá-los nessa fase inicial. O chat vai nos permitir chegar em todas as partes do Estado”, afirma Alessandra Conradt, integrante do Minas Down.

Ela conta que as necessidades dos acolhidos são as mais variadas e individuais. Mas existem dois pontos em comum: as dúvidas sobre a saúde dos bebês e a aceitação e entendimento da própria Síndrome de Down. Já a forma como cada família lida com o diagnóstico e o tempo de resposta a ele é variável. 

Para a professora e psicóloga Isamara de Oliveira, de 50 anos, não foi fácil. Ela precisou de ajuda quando o filho João, hoje com nove anos, nasceu. “O que me punha de pé era a necessidade de buscar o melhor para o meu bebê. Mas eu chorava, ficava angustiada, fiz terapia. Até que me informei, fortaleci e vi que a gente precisa viver um dia de cada vez e focar em cada desafio quando ele for surgindo”, conta. 

O resultado? Um filho saudável, feliz, que estuda em escola regular e bem adiantado no processo de alfabetização. Agora, ela usa a experiência adquirida para acolher outras mães por meio da troca de experiências.

Além Disso

Mais do que o intercâmbio de experiências, os acolhimentos formam uma rede de amigos com quem contar. “O que eu tenho com as mães do grupo agora é uma troca de amor. Torcemos umas pelos filhos das outras e vibramos juntas pelas conquistas”, conta Kelli Faria de Souza, de 43 anos. 

No dia seguinte ao nascimento de Davi, há um ano e meio, a equipe do hospital onde ela estava deu a notícia para os pais sem nenhuma orientação. “Achei que meu marido ia desmaiar e eu não consegui pensar em mais nada”, conta. Acolhida pelo Minas Down, ele teve o apoio e direcionamento necessários bem no início de vida do filho, hoje saudável e em pleno desenvolvimento.

Já Regina Lima Corrêa de Sousa, mãe de Nathan, de 5 anos, teve o diagnóstico ainda na gravidez e usou os quatro meses antes de o bebê nascer para se informar e conversar com outras mães, o que foi essencial para se preparar. Dentre os inúmeros conhecimentos que adquiriu, um ela leva para a vida: “Eles aprendem tudo. O que precisamos é aprender a esperar o ritmo deles”. 

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