Reclamações contra serviços de saúde crescem 51% em Minas

Alessandra Mendes e Izabela
04/10/2012 às 06:24.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:47
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

Déficit de funcionários, excesso de demanda e materiais de péssima qualidade. Esses são apenas alguns dos problemas listados pela auxiliar de enfermagem J.M.P., de 42 anos, que trabalha na Unidade de Pronto-Atendimento Francisco Clemente da Rocha, a UPA Venda Nova, em Belo Horizonte. “O soro que manuseamos é ruim e não temos suporte, por isso os próprios pacientes é que têm que suspendê-los. Também não há macas para todos, muito menos lugar para sentarem”, relata a enfermeira.

Se os próprios profissionais denunciam o descaso, o posicionamento dos usuários não poderia ser diferente. O reflexo disso é o aumento de 51,51% no número de reclamações na Ouvidoria de Saúde de Minas Gerais.

De janeiro a agosto do ano passado foram registradas 596 manifestações, uma média de 74 por mês. No mesmo período desse ano, passou para 903, mais de 112 mensais.

Mas o número ainda não corresponde à realidade. “Ainda é um levantamento subnotificado, porque nem todos sabem da existência da Ouvidoria. Há muito mais problemas no atendimento aos pacientes, que acabam não exercendo o direito de reclamar e exigir melhoria”, explica a ouvidora de Saúde do Estado, Ana Piterman.

Sucateamento

 Uma das explicações para o aumento das reclamações, além do fato de mais pessoas tomarem conhecimento do trabalho do órgão, é a precariedade do sistema. “O direito à saúde é garantido pela Constituição, mas a demanda é muito maior do que a oferta, o que gera gargalos no atendimento e na distribuição de medicamentos”, afirma Piterman.

Precariedade que a aposentada Teresinha Stankowich, de 69 anos, sente na pele. Ela fez uma verdadeira peregrinação para conseguir uma cirurgia para o neto, que se envolveu em um acidente de carro e fraturou o maxilar. Primeiro, eles tentaram conseguir a cirurgia em um hospital de Montes Claros, no Norte do Estado, que estava em greve. Depois, foram para Sete Lagoas, na região Central, onde a cirurgia não é realizada.

Após fazer exames pré-operatórios no Hospital Odilon Behrens, em BH, Alessandro Stankowich, de 20 anos, passou a madrugada de quarta-feira sentado no corredor da unidade, com Teresinha, aguardando a ambulância levá-los de volta a Sete Lagoas. “A saúde está precária em qualquer lugar de Minas”, alegou Terezinha.

Mais sobre a situação da saúde na capital mineira você pode ler na http://177.71.188.173/clientes/hojeemdia/web/index.php.

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