Recolhimento feminino e devoção das freiras marcam a história do Mosteiro de Macaúbas

Renato Fonseca - Hoje em Dia
08/08/2014 às 07:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:42
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Do lado de fora do imponente casarão, o silêncio só é quebrado pelo sutil canto dos pássaros. Lá dentro, exatos 200 cômodos em um ambiente de muita paz, onde se escuta, apenas, o ranger das portas de madeira, os cânticos em latim e as orações intermitentes. O ano de 2014 marca o tricentenário de um dos principais patrimônios mineiros, fincado em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte.   O mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, a 40 quilômetros da capital, chega aos 300 anos com a mesma vocação para a fé e o recolhimento feminino. Dezesseis freiras vivem em clausura e só podem sair em casos especiais, como consultas médicas, cursos de espiritualidade ou problemas familiares. Não é permitido o acesso ao interior do templo, e a rotina das religiosas é bastante sigilosa.   Pertencentes à Ordem da Imaculada Conceição, as freiras acordam antes das 5h e se deitam às 20h30. São pelos menos dez orações com horas pré-determinadas ao longo do dia, meditação, estudos e muito trabalho. Elas produzem vinho de rosas e têm uma quitanda, com variados doces.   À frente dos trabalhos administrativos do convento está a abadessa Maria Imaculada de Jesus Hóstia. No alto de seus 76 anos, 59 deles dedicados a Macaúbas, ela sorri, toda prosa, ao falar da incondicional dedicação. “Estamos em obras há mais de 30 anos e, agora, a atenção especial está na busca para deixar o mosteiro ainda mais bonito no seu aniversário”.   A irmã refere-se à pintura nova, possível graças a doações da comunidade. Cerca de R$ 30 mil foram arrecadados, mas os trabalhos ainda estão pela metade e pelo menos o mesmo valor ainda será necessário para finalizar a obra.    A edificação – tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e Prefeitura de Santa Luzia – tem 6,6 mil metros quadrados. Mais de 50 latas de tinta de 18 litros já foram usadas.   O arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, reforça que o espaço é um dos mais importantes símbolos da religiosidade dos mineiros. Segundo ele, neste jubileu é preciso relembrar fatos importantes da história do mosteiro, como a criação, em 1847, do primeiro colégio de Minas a se dedicar ao ensino de meninas, tendo sido reconhecido como uma das instituições mais tradicionais do Estado.    “Em 1933, torna-se Mosteiro da Ordem da Imaculada Conceição, onde vivem as irmãs concepcionistas, religiosas admiráveis na fé, exemplos de coragem e dedicação ao exercício e cultivo das coisas simples, do amor a Cristo e aos irmãos”, conta o arcebispo.   Doações podem ser depositadas na CEF (agência 1066 – conta corrente: 512-3 – operação 003). Mais informações: (31) 3684-2096.     Visita ilustre   Nesta semana, o convento de Macaúbas recebeu a visita do príncipe dom Bertrand de Orleans e Bragança, bisneto da princesa Isabel e trineto do imperador dom Pedro II. “O que mais impressiona neste mosteiro é a devoção das freiras. Elas largaram tudo que o mundo pode proporcionar por uma demonstração única de pura fé”, disse Bertrand, que participou de uma cerimônia na capela do templo da região metropolitana.

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