Rede social pode ser ferramenta para crescimento acadêmico, diz pesquisa

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
12/01/2015 às 08:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:38
 (CARLOS RHIENCK)

(CARLOS RHIENCK)

Um território de interação, compartilhamento de saberes e desenvolvimento de inteligência coletiva bem além das conversas sobre filmes, namoros ou diversão. Essa definição dada ao Facebook por uma pesquisadora valadarense após o monitoramento de grupos virtuais formados por estudantes universitários pode mudar o conceito ou pelo menos aliviar a preocupação que alguns pais têm com o tempo em que os filhos passam hoje conectados com colegas pela internet.

Os levantamentos foram feitos durante um semestre pela professora Rossana Cristina Ribeiro Morais, coordenadora dos cursos de Ciência da Computação e de Sistema de Informação da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), em Governador Valadares. Neste período, ela monitorou as conversas e compartilhamentos de 110 alunos dos dois cursos, com idades entre 20 e 25 anos.

Os grupos foram criados em sala de aula, e as informações, capturadas diariamente. O objetivo do estudo era saber como se dava a interação entre alunos e professores, como essas trocas de informações se constituíam e o que elas significavam. Outra proposta foi analisar a “inteligência coletiva”, defendida pelo filósofo francês Pierre Lévy, e saber se ela se desenvolvia nos dois grupos analisados.

“O autor fala que a inteligência coletiva está em todo lugar e em todo saber. Encontramos coisas riquíssimas: os estudantes discutem o lazer – como marcar um churrasco ou futebol – como também fazem contribuições mútuas sobre os exercícios propostos em sala de aula”, conta Rossana.

A pesquisadora confessa que, ao iniciar os levantamentos, esperava encontrar um volume menor de discussões sobre as disciplinas e um grupo mais voltado para resenhas, mas foi surpreendida com a debate acadêmico – embora essa não tenha sido a intenção dos membros ao criarem os espaços de interação.

“Compreendemos, então, que os usuários, ao se apropriarem desses grupos, estão constituindo um novo território. Os sujeitos da pesquisa trazem para esses espaços questões pertinentes às formações humanística e tecnológica”, descreve.

Uma das pessoas que participaram do levantamento, a estudante Lívia Souza Nunes Santos, de 20 anos, do 7º período do curso de Ciência da Computação, considerou que estar sendo monitorada não mudou o comportamento do grupo. “A turma é tranquila mesmo e muito focada nos estudos. Até esquecemos que estávamos sendo monitorados”, garante.

 


Participação

A professora Rossana Morais conta que, durante a pesquisa, percebeu que a relação da sociedade com o espaço se modifica diante da evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Nesse contexto, a informação e o conhecimento passam a ser elementos-chave. “A emergência do ciberespaço e todas as possibilidades de comunicação e interação proporcionadas por esse meio vêm interferindo nos processos educativos do ensino superior”, concluiu.

 

Professores precisam utilizar mais os recursos tecnológicos

A pesquisadora Rossana Morais destacou que o estudo realizado com alunos dos cursos universitários mostrou que há a necessidade de uma maior utilização desse instrumento virtual de troca de conhecimentos acadêmicos por parte dos professores das instituições de ensino. “Por mais que os docentes estivessem inseridos nesses grupos, foram pouquíssimas as interações”, constatou.

Em uma nova pesquisa, ela pretende avaliar ainda se o aprendizado seria melhor caso o professor interagisse mais com os alunos em questões relativas à sua disciplina nesses grupos virtuais e como se dá essa interação no ambiente real, a sala de aula.

Além disso, a pesquisadora ressalta que, embora o foco do estudo feito por ela tenha sido os estudantes universitários, esse tipo de ferramenta tecnológica pode ser usado por docentes de todos os níveis educacionais, sem a preocupação do aluno se “desviar” das tarefas escolares. “Se o aluno estiver na internet, ele pode estar estudando sim”, conclui Rossana.

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