Redução no número de carteiros prejudica entrega de correspondências em BH

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
01/08/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:51
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Faltam carteiros e sobram transtornos aos belo-horizontinos. Moradores da capital reclamam que correspondências têm chegado com atraso. Fora do prazo, muitos são obrigados a pagar contas após a data de vencimento, com multas e juros. Há relatos em que os profissionais dos Correios passam nas casas apenas duas vezes por mês.

O problema tem ocorrido no bairro Serra, região Centro-Sul de BH, onde o biólogo Fabrício Vilas Boas, de 36 anos, é síndico de um prédio com 16 unidades. Metade dos apartamentos é ocupada por idosos, que dependem das cobranças impressas para honrar os compromissos.

“Assumi no final de janeiro e já há algum tempo tínhamos percebido que os carteiros passavam a cada três ou quatro dias. Mas, nos últimos dois meses, passaram a vir a cada 15 dias. Eles entregam um bolo de cartas e muitas delas de prédios vizinhos”, afirma. De acordo com o síndico, os condôminos reclamam principalmente do atraso das contas de IPTU, telefone e aluguéis.

Próximo ao prédio do biólogo, na esquina das ruas do Ouro com Monte Sião, por exemplo, há um conjunto de lojas. Lá, os atrasos são recorrentes. Uma vendedora disse que os carteiros repassam as cobranças de todas as lojas juntas, e isso tem gerado confusão. Neste mês, a conta de água de uma delas foi parar na loja vizinha, sendo paga só três dias após o vencimento.

E não é só em Belo Horizonte que o problema acontece. O representante comercial Antônio Gonçalves Lima Filho, de 62 anos, morador do bairro Água Branca, em Contagem, tem sofrido o mesmo. “A conta do telefone tem chegado atrasada. No último mês, tive que ir à loja para pegar uma nova. Paguei com sete dias de atraso”, reclamou.Fernanda Carvalho / N/A

Antônio Lima pagou a conta de telefone com sete dias de atraso; ele conta que precisou ir até a loja para pegar outra cobrança

Segundo o Sindicato, em Minas há cerca de 12 mil funcionários dos Correios. Desde 2011, mais de 10 mil foram desligados no país e não houve reposição

Sucateamento

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais (Sintect-MG), João Evangelista do Nascimento, argumenta que essa é uma estratégia dos Correios de redução de custos. Porém, ela tem atrapalhado a prestação de serviços.

“Há um ano começaram com o DDA (Distribuição Domiciliar Alternada), e os carteiros estão fazendo cada vez menos entregas. Vão em uma casa e voltam depois de três ou quatro dias”, explicou. Conforme Nascimento, todos os Centros de Distribuição Domiciliar (CDDs) da capital estão com déficit de funcionários.

Procon

O coordenador do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcelo Barbosa, explica que, quando as cobranças não chegam, o consumidor precisa cobrar das prestadoras de serviço uma outra forma pagamento.

“As pessoas têm que se antecipar ao vencimento, e as empresas precisam cobrar dos Correios que entreguem na data contratada. O consumidor tem saída, mas tem que tomar as providências”, explicou. Os Correios foram procurados, mas não retornaram a demanda da reportagem.

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