Refugiados venezuelanos são recebidos com ceia e presentes de Natal em Belo Horizonte

Rosiane Cunha (*)
rmcunha@hojeemdia.com.br
28/12/2019 às 15:23.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:07
 (Artênius Daniel/Cruz Vermelha)

(Artênius Daniel/Cruz Vermelha)

Estar com família e amigos, e compartilhar carinho são experiências que todos buscam vivenciar nas festas de Natal e Ano-Novo, mas, para quem está longe de casa, esse período se torna ainda mais difícil. É o caso dos refugiados, que na maioria das vezes perdem o contato com aqueles que amam e com as tradições da terra onde nasceram. 

Em Belo Horizonte, um grupo de voluntários se reuniu para fazer uma ceia natalina, nessa sexta-feira (27), para um grupo de 31 refugiados venezuelanos. Os estrangeiros, entre crianças e adultos, vieram de Roraima para Minas, onde recomeçarão suas vidas na capital e em cidades do interior.

O grupo foi recebido pela Cruz Vermelha após ser reconhecido pelo governo brasileiro na condição de refugiado e chegou em aviões da Força Aérea Brasileira. "A Cruz Vermelha tenta garantir a dignidade dessas famílias, que chegaram em condições difíceis ao Brasil e estão agora recomeçando suas vidas. São histórias de vida diferentes, pessoas de muitas regiões da Venezuela que precisam agora do nosso primeiro apoio humanitário para seguir adiante. Este é o papel da instituição e é o trabalho que já realizamos três vezes com grupos de refugiados neste ano de 2019", explica Bernardo Eliazar Mattos, diretor de Projetos e Captações da Cruz Vermelha Brasileira em Minas Gerais.Artênius Daniel/Cruz Vermelha 

As crianças foram surpreendidas pelo Papai Noel, que distribuiu brinquedos, abraços e afeto. A ceia natalina trouxe às famílias um pouco de conforto e esperança em um novo recomeço. “Estou feliz aqui”, disse o bombeiro hidráulico Ysnaldo Leal, 46 anos, que chegou a trabalhar por um tempo em Boa Vista, Roraima, mas precisou deixar o Estado após ficar desempregado. Ele foi com toda a família e comemorou o aniversário de um dos filhos. “Não esperávamos por esse recebimento dessa forma. Espero que seja um começo de coisas boas”, desabafa.Artênius Daniel/Cruz Vermelha 

Ainda sem falar quase nada em Português, Jessica Chacon, de 24 anos, chegou em BH com o marido e a filha de um ano. “Sinto emoções diferentes, esperança de começar novamente a vida com minha filha e ao mesmo tempo tristeza pelas outras pessoas da minha família que deixei”, disse a estudante. Para a jovem, o idioma é um dos novos desafios, mas ela conta que já tem uma boa impressão de Minas, seu novo lar a partir de agora. “Fui muito bem acolhida e estou esperançosa com o que virá daqui para frente”, conclui

Refugiados

O número de refugiados venezuelanos está quase ultrapassando o de sírios e deve se tornar a maior crise de refugiados da história moderna. Cerca de 16% da população já deixaram o país, o que significa 4,6 milhões de venezuelanos fugindo da crise humanitária, número próximo ao de sírios, 4,8 milhões. Como não há saída próxima no horizonte, a Agência de Refugiados das Nações Unidas estima que esse número pode chegar a 6,5 milhões até 2020.

Cruz Vermelha BH

Esta é a terceira vez que a Cruz Vermelha em Minas Gerais recebe população refugiada da Venezuela no ano de 2019. No dia 20 de julho, um grupo de 76 pessoas do país vizinho desembarcou no estado e foi acolhido pela instituição. Em 28 de agosto, outros 32 refugiados foram recebidos pela CVB-MG.

Diante da sua situação humanitária, a Venezuela tem recebido apoio das organizações internacionais. Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, mais de 30 toneladas de material já foram encaminhadas pelo movimento ao país. Entre as doações estão medicamentos, equipamentos médicos e geradores que serão distribuídos pelos hospitais venezuelanos.

*Com Cruz Vermelha

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