Reintegração de posse destrói casas em construção e dá prazo para desocupação em área na BR-356

Malú Damázio
30/05/2019 às 10:47.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:53
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta quinta-feira (30), mandado de reintegração de posse em um terreno da União às margens da BR-356, no bairro Olhos D'água, região do Barreiro, em Belo Horizonte. Cerca de 100 famílias construíram moradias irregulares na mata do Cercadinho. 

Barracos que estavam em construção foram demolidos e os que estão habitados serão destruídos em 60 dias. As residências foram erguidas em Área de Preservação Especial (APE), onde está o manancial Cercadinho.

O terreno federal está na divisa dos bairros Olhos D’Água e Belvedere. O prazo de dois meses imposto pela Justiça é para que 30 famílias tirem todos os pertences e deixem as residências.  
 

A operação, realizada pela Polícia Federal com apoio da Polícia Militar, começou às 6h e tem ocorrido de maneira pacífica, segundo o chefe do núcleo de operações da superintendência da PF, Humberto Brandão.

“Os moradores não ofereceram resistência. Estamos reintegrando em duas etapas: nesta primeira demolimos imóveis e obras onde não há indício de pessoas morando no local. Notificamos as famílias que vivem aqui e, depois, vamos retornar para consumar o resto do procedimento”, afirma o delegado.

Sem moradia

O destino dos moradores da mata do Cercadinho ainda é incerto. Um pedreiro que vive no local e preferiu não se identificar não sabe para onde vai com a esposa e a filha pequena. “O sentimento de revolta porque a gente não tem condição, senão nem estávamos aqui. Não queremos passar perrengue, ninguém quer, mas é o que consegui por enquanto”, diz. 

Outra ocupante, que quis ter a identidade preservada, estava terminando de construir o barraco de alvenaria e viu a estrutura ser jogada abaixo nesta manhã. Ela afirma ter comprado o terreno por cerca de R$ 8 mil, com as economias que juntou trabalhando como auxiliar de limpeza. “Ia morar com minha família, somos seis pessoas e eu tenho um bebezinho. É muito triste porque gastei todo o dinheiro suado que tinha nessa casa. Agora estou desempregada, sem poupança e sem ter para onde ir”. 

O delegado da PF Humberto Brandão cobra do poder público uma solução para as famílias desabrigadas. “Da mesma forma que é dever do Estado proteger o patrimônio, ele também tem que dar dignidade para essas pessoas. Tivemos todo o cuidado de realizar uma retirada humanizada”, reforça.

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