Rejeitos de barragem em Nova Lima podem levar só 4 minutos para chegar à BR-356

Raul Mariano e Mariana Durães
22/02/2019 às 21:45.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:41
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Quatro minutos. É esse o tempo máximo para que a onda de lama atinja o primeiro ponto da BR-356 em caso de rompimento da barragem de Vargem Grande, em Nova Lima, na Grande BH. O reservatório fica a pouco mais de um quilômetro de distância da rodovia e, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), tem “alto dano potencial associado”, ou seja, pode provocar grandes estragos. 

Uma operação montada pela Polícia Militar e Defesa Civil mantém o fluxo de veículos em sistema de “pare e siga” do KM 35 ao 41, de forma a garantir a segurança no deslocamento pelo trecho. Mas com a proximidade do Carnaval, foliões da região que vierem para a capital mineira terão que ter muita paciência e atenção redobrada.

De acordo com o major Flávio Santiago, porta-voz da PM, ainda não há nenhuma mudança planejada para receber o aumento do fluxo de veículos no feriado prolongado da próxima semana. “Se não houver alterações, o visitante vai precisar enfrentar a retenção ou pegar um caminho alternativo”, afirma o militar. “Não podemos ter nenhum risco”, ressalta. 

Para o engenheiro e consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto, a travessia pelo trecho que está na rota dos rejeitos da barragem da Vale pode implicar riscos. “Em quatro minutos, um veículo que está a 60 km/h (quilômetros por hora) desloca apenas quatro quilômetros. Se a lama se aproximar, dificilmente haverá saída”, analisa. 

De acordo com a Defesa Civil estadual, foram instalados novos radares na barragem e os equipamentos são monitorados digitalmente por funcionários da mineradora. 

“Assim, em último caso, seria possível impedir imediatamente o tráfego e dar a opção aos carros de completarem o trajeto ou retornarem”, explica o tenente-coronel Flávio Godinho, chefe do órgão.

O controle de fluxo na via é feito pela PM e acontece sempre de dez em dez minutos em cada sentido. “No caso de caminhões, vamos liberar de três em três, devido ao tempo maior de deslocamento e a impossibilidade de manobrar na pista”, explica o tenente-coronel da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), Paulo Antônio.

Segundo a Defesa Civil, informações da Vale permitiram simulação que teria atestado a segurança de deslocamento de forma controlada no trecho

Sem prazo

Não há previsão para liberação total da BR-356, de acordo com a Defesa Civil. O aval possivelmente só deve ocorrer após o descomissionamento total da estrutura ou com atestado de segurança da Vale. 

O processo, no entanto, não tem sequer data para começar. “É preciso um projeto, liberação ambiental, entre outras burocracias. Então, vai demorar muito ainda”, garante Godinho.

Para minimizar os efeitos da contenção na estrada, a mineradora ficou responsável por iniciar obras de recuperação de um caminho conhecido como AIT 140. A via alternativa, que começa no KM 41, próximo ao posto da PMRv, e vai até o município de Moeda, aumenta em 15 quilômetros o trajeto.

Alternativas

Automóveis que optarem pelos desvios devem pegar a MG-030, em Nova Lima, e seguir até Rio Acima para entrar em Itabirito. A rota inclui 40 quilômetros a mais de deslocamento.

Já os veículos de carga terão duas opções, com percursos de aproximadamente 80 quilômetros. A primeira opção é seguir pela BR-040 até Congonhas, em direção a Ouro Branco, até a comunidade de Lobo Leite. 

Nesse local, eles acessam a MG-030, com um trecho em estrada de terra, rumo a Itabirito. Quem quiser evitar, deve pegar a MG-443 até Ouro Preto, onde há o acesso pavimentado até a cidade.

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