Relaxamento nas medidas de segurança aumenta e coloca em risco esforço para frear a Covid em BH

Renata Galdino
rgaldino@hojeemdia.com.br | @renatagaldinoa
31/05/2020 às 23:22.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:39
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Belo Horizonte entra em mais uma semana decisiva para a continuidade da flexibilização da quarentena na cidade. O comportamento da população, inclusive, está no centro das atenções. Depois que parte do comércio foi autorizada a funcionar, na última segunda-feira, falta de álcool em gel nos ônibus, usuários sem máscaras no transporte público, longas filas e aglomeração de pessoas na porta de lojas foram flagrantes recorrentes nos dias que se seguiram.

O desrespeito, no entanto, pode barrar a reabertura de mais estabelecimentos – o que deveria ter ocorrido hoje, mas o alto índice de transmissão do novo coronavírus e a ocupação de leitos hospitalares impediram – e até mesmo levar ao fechamento total da cidade. A palavra final será dada na próxima sexta-feira, pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da capital.

Até lá, os moradores terão que fazer a sua parte. Secretário municipal de Saúde, Jackson Machado garante que os índices de transmissão do vírus e a ocupação de leitos serão monitorados diariamente. “É por isso que os cuidados de higiene devem ser rigorosamente observados. Lavar as mãos, usar álcool em gel e máscara e manter o distanciamento social na medida do possível. Sair apenas para o indispensável”.

Com a flexibilização, houve acréscimo de 30 mil usuários nos coletivos, que estão transportando, diariamente, cerca de 455 mil pessoas

Desrespeito

Mas a recomendação nem sempre é seguida. A falta do Equipamento de Proteção Individual (EPI) ou o uso incorreto dela são corriqueiros, inclusive dentro dos ônibus e metrô da metrópole. “Eu tenho medo. Já estava trabalhando antes dessa flexibilização e vi que aumentou a quantidade de gente no ônibus. Umas duas vezes vi passageiros sem máscaras”, contou a operadora de telemarketing Ana Flávia Silva Souza, de 32 anos.

Um dos requisitos para atender ao aumento da demanda era que as empresas que operam o sistema fornecessem dois dispenseres de álcool em gel nos veículos, o que não foi feito por vários dias.

Na sexta-feira, o prefeito Alexandre Kalil determinou alteração no decreto que previa essa medida. Agora, os ônibus terão o produto apenas na entrada do coletivo.
No metrô, a demarcação indicando a distância mínima entre os usuários não é encontrada. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a sinalização foi afixada nas estações com maior fluxo de passageiros, como Eldorado, Lagoinha, São Gabriel, Central e Vilarinho.

Parada

Um dos motivos para que a prefeitura barrasse a segunda onda da flexibilização, prevista para hoje, foi o aumento da taxa de contaminação do vírus na cidade. Até sexta-feira ela estava em 1,24 – o que acendeu o sinal vermelho.

Se o índice continuar subindo, o infectologista Estevão Urbano afirma que a flexibilização será freada novamente. “Para não perder a mão de um vírus que se multiplica exponencialmente. E quando você perde a mão, é difícil voltar atrás, para uma situação relativa de estabilidade”.

Primeira semana

Dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) indicam que a primeira fase de reabertura do comércio da cidade liberou o funcionamento de 9.771 empresas e 28.451 Microempreendedores Individuais (MEIs). No comércio, foram 8.788 lojas e 8.990 pequenos empreendedores. Já no setor de serviços, 983 empresas e 19.461 MEIs das atividades de cabeleireiros, manicure e pedicure.

No total, essas atividades representam aproximadamente 35 mil empregos formais no município. Também foi liberado o funcionamento das atividades comerciais nos shoppings populares da cidade.

Para atender à demanda, foram acrescidas 1,6 mil viagens no sistema de transporte, passando de 12,5 mil por dia na semana anterior para 14,1 mil.

Como a flexibilização foi interrompida, o prefeito Alexandre Kalil informou, na última sexta-feira, que não haverá aumento do numero de coletivos. “Estamos em guerra. Não dá para todo mundo ir sentadinho, colocar ônibus rodando tomando prejuízo de R$ 5 milhões, R$ 6 milhões por dia. Vai continuar a mesma quantidade, porque não estamos abrindo nada”, afirmou.

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